Novo artigo na revista internacional MEER, na versão portuguesa. Quando o sexo é poesia.
Crónicas e outras coisas, tiro aos dardos, pitta shoarma e batatas fritas.
Novo artigo na revista internacional MEER, na versão portuguesa. Quando o sexo é poesia.
Novo artigo na revista internacional MEER, na versão portuguesa. Um ensaio sobre arte e tecnologia.
https://www.meer.com/pt/81272-a-arte-e-a-tecnica-na-invisibilidade-do-corpo
Novo artigo na revista internacional MEER, na versão portuguesa.
Abaixo, o link para a biografia e para o artigo.
https://www.meer.com/pt/81098-setembro-nao-disse-ao-que-veio
Começa hoje a minha colaboração mensal na revista internacional MEER, na versão portuguesa.
Abaixo, os links para a biografia e para o artigo.
https://www.dn.pt/6099402468/feira-do-livro-de-poesia-regressa-a-lisboa-a-19-de-marco/ |
Imagem: Pinterest |
Então, basicamente é isto não é?
Um esfregão Scotch-Brite para incluir as lides domésticas, uma maçã amarela para incluir a pujança da agricultura nacional e um cartão vermelho para incluir o futebol, religião comummente aceite por todos os estratos sociais.
P.S. Aceitam-se encomendas, base de licitação: 74.000,00 EUR
Desde que inventaram a roda, o mundo não parou mais, a nós cabe usar o travão ou, pelo menos, tirar o pé do acelerador.
Olhando para as pequenas coisas, o mundo anda mesmo mais devagar...
Tive a oportunidade de conhecer o Nelson Nunes num dos muitos cursos de escrita criativa da EC.ON, daí para cá tenho acompanhado o seu percurso literário com muito interesse, o seu último livro Enquanto vamos sobrevivendo a esta doença fatal, da editora Zigurate, a que tive o prazer de assistir ao lançamento é um ensaio bem estruturado, de leitura acessível, com suporte bibliográfico abrangente e que aborda as várias manifestações da morte, testemunhos na primeira pessoa sobre reação à morte dos que nos são próximos, a eutanásia, com algum humor, por vezes, de forma a aliviar a carga. Poder-se-ia dizer, com toda a propriedade, fazendo uma apropriação do título de um dos capítulos: um Manual de instruções para viver com prazo de validade.
263 páginas que se devoram num ápice.
A ler.
Brooke Didonato |
Quando ela se apercebeu dos primeiros sinais de demência do pai mudou-se para uma casa de pedra antiga, com três quartos em soalho, a última em condições, numa fiada de ruínas numa vila no interior, mais calma, solarenga, uma paisagem de artista, onde ele repetia sem cessar a história da bicicleta, prenda de passagem da quarta classe a que ela respondia de forma mecânica: “já me disseste isso três vezes! Hoje!” Antes tivesse um cancro, que fluía rápido, ao invés do esvaziamento progressivo da consciência e do carácter, de que ela já guardava poucos traços.
Ela achava que por já estar nos cinquenta só poderia ter papel de cônjuge se fosse personagem de romance, mas muito má era a sua história, sendo filha única, solteira por acidente e sem contacto com primos afastados por opção, sem lugar para protagonismo, só o sentido de humor lhe mantinha a estabilidade e as raízes de uma macieira viçosa.
A verdade é que nunca fora talhada para compartilhar uma vida sentimental, achava que o outro iria ocupar muito espaço na cama e na cabeça, mais o barulho e a confusão, as explicações, as arrelias, os odores na casa de banho e depois de toda a tolerância e cedência com o gosto e o interesse particular do outro, uma dia cansavam-se e vinha o eclipse. Não obrigado! Estou bem assim, o espírito enganado numa frase, anátema profundo da dor clandestina, mansamente aceite, enquanto sonhava com orgasmos em ditirambos como nas Dialécticas do Jorge de Sena, até ao dia em que, numa ida a Lisboa se cruzou com um antigo colega de Liceu à saída do metro, atrapalharam-se nas cortesias de educação sobre quem saía primeiro e ela perguntou-lhe para onde ia o túnel da saída norte, e ele, serenamente, respondeu-lhe que ia para onde pudessem construir um futuro juntos.
Ela achou piada e deu-lhe o braço…
O estuário está seco e eu estou ansioso em velocímetros de extermínio, prazer no intervalo entre estações, de comboio, claro está.
Um abajur de lua envelhecida e um amante volúvel em urgência inquieta, na alvorada de falsos poemas, trabalha em metalurgia pesada com palavras moldadas no ferro. Para trás a doce apatia.
Perecível marinheiro na soleira da raiva, mexe-se em instante pecado.
A véspera do Natal é sagrada, lembro-me disso em 1961, o amor de mãe não cumprimenta a arritmia da Guiné e o Spínola bebeu champanhe do monóculo, refugiado no seu casulo a finalizar um discurso na derradeira demora.
Numa falência de gestos, enquanto o porteiro comia nêsperas com sofreguidão, deu-lhe uma dentada na pele postiça, no tempo do café ao postigo, pós traumático e pós moderno. No deserto não chove.
A noite caiu súbita, metade de mim adormeceu, guardando-nos na algibeira de quem mais amo, sei lá eu quem mais amo. Talvez num poema de insónia ou na companhia do Dostoyevsky.
No porto de abrigo os sôfregos redimem os excluídos em moldes de gesso.
Sei que anda à procura de um ministro das infra-estruturas e venho alertá-lo para que não procure mais, sou o candidato ideal pois estou na infra estrutura social onde desempenho o cargo de peão de brega que sustenta os desmandos dos serviçais da Res Publica. Como CV posso referir que tenho um mestrado a sério validado pela FCSH NOVA, nada dessas tretas desempacotadas a um domingo, frequento ainda um doutoramento em comunicação na fase de redação de tese, que está parado por falta de dinheiro, apesar de V. EXA. garantir a pés juntos que as vacas voam no reino da Alice das Maravilhas.
Não tenho familiares na administração pública, mas se for escolhido, já prometi a uma prima que dá apoio pedagógico numa creche, um lugar no ministério para tratar das desculpas infantis que costumam dar à comunicação social e que eles papam sem engulhos e ao seu marido que tem uma pequena empresa de couros, um lugar na área da contratação de sucatas de Espanha para pôr a circular na ferrovia, quanto a indemnizações esteja descansado, porque o BBVA fez uma rescisão colectiva e foi ao nosso fundo de pensões retirar o pilim para nos pagar, não são 500 mil, mas já dá para pagar a maior carga fiscal de sempre.
Tenho um Fiat 127 de 1982 que, com um bocadinho de imaginação e conversa parece mesmo um Maserati, quanto às relações com o Medina, no problem, sempre tive jeito para trabalhar com gente que não sabe o que se passa como o administrador de condomínio do meu prédio, por exemplo, que apesar de morar cá e de a mulher trabalhar na Schindler, nunca soube que o elevador estava avariado.
Também não é problema se surgir um imprevisto e tiver que me demitir do governo pois já tenho preparado um frasco de benzina, dizem que não há melhor para remover nódoas.
Aguardando resposta na volta do correio,
Cordialmente,
Luís Bento
Blogger
É raro escrever sobre futebol, a bem dizer, não é sobre futebol, mas sobre o folhetim CR7/Seleção, em especial por, mais uma vez, não termos aprendido a lição. O debate vai continuar em torno de ambos, ao invés de perceber que afinal o melhor lote de jogadores, com ou sem CR7, não teve capacidade para furar as linhas defensivas nem romper com um ciclo desgastado de liderança desde o tempo da Dona Urraca. Não há que espantar. Quem não se recrimina por há décadas continuar a votar na mediocridade política que nous trouxe até aqui, não pode esperar resultados diferentes no que quer que seja. A culpa, para variar, morre solteira, talvez se arranje um motorista na seleção, certo é que neste país, não se assacam nem se apuram, de forma linear, responsabilidades desde o arrombamento do paiol de Tancos. Agora vamos carpir as mágoas enquanto o entertainer de Belém vai arrebanhando umas selfies e mandando uns bitatites, assim, entre o pantomineiro do palácio e as pantominas do Minion de Fafe, qual deles o mais bobo desta corte, vai-se cumprindo o sonho supremo do César Mourão, Portugal perdeu, mas o CR7 jogou! Somos uma horda que se contenta com poucochinho, herança indivisa de Salazar, desde que o poucochinho continue a pingar entre subsídios e prebendas em ajustes directos, num país que mais parece um postal do Osório entre a jubilosa esperança e o panegírico meloso sobre os feitos no rectângulo, onde a CMTV vai despejando crimes de faca e alguidar e o povo que à falta de políticos sérios, de decisões inteligentes e de intervenção prática se revê na seleção para lhe resgatar a dignidade e quando ela falha só lhe resta seguir o CR7 que há-de continuar a correr atrás dos recordes e nós todos atrás dele, em direção ao vazio…
Só percebemos que tínhamos bebido demasiado quando vimos o chão muito próximo. No desequilíbrio germinou o amor e o desejo, dois estranhos afogados na rotina. Nos lençóis, marcas do delito conjugal por onde saiu o diálogo e os campos a florir num verso de Rimbaud. Vistos do retrovisor, os finais de tarde são genéricos de filmes que acabam bem e onde, à distância, percebo que só em ti há outro lugar.
Dussmann das Kulturkaufhaus Friedrichstrabe 90, Berlin |