Tantos quantos cabem num instante
Uma intimidade com a natureza das coisas
Nunca consegui estabelecer uma intimidade com a natureza das coisas, só participo na vida de través, espécie de culto que espreito das esquinas. Sinto-me um inquilino que regista os sons da noite, sussurros de gente anónima na cartografia da cidade. De dia aproximo-me de um instinto doméstico num mundo que acredito pertencer a um berço comum, falantes de um mesmo léxico que, ainda assim, nos afasta lentamente.
À revelia da sobrevivência sinto ser demasiado tarde para me agarrar a ficções, ficamos na orla do isolamento a apanhar bocados desgarrados de um amor demorado, um risco de giz a sublinhar as palavras que começo a escrever a eito, uma verdade à espera de voz sem temer o olhar do ponto final.
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