terça-feira, 26 de junho de 2012

A CAIXA DE MEMÓRIAS

De meu mesmo tenho muito pouco…  Um relógio a encher-se de horas,duas pilhas de livros para ler, quatro folhas de papel para imprimir, selos, clips, lápis e borracha, conchas, peixes e um aquário de plástico, rifas de quermesse,  versos do Pessoa em desalinho, os calções de bombazine da primeira comunhão,  a caneta de tinta permanente da quarta classe,  o cheiro do arroz doce com canela da minha mãe, uma caixa de memórias  para arrumar e o  brilho de três estrelas a reluzir confidências num canto do céu, azul escuro e espesso, infinito, do tamanho da saudade de chumbo dos soldadinhos da infância…

ENTREVISTA COM MARGARIDA REBELO PINTO

Neste espaço, para além dos textos do escriba, sempre se deu lugar à divulgação e discussão de ideias, acontecimentos e autores. Margarida Rebelo Pinto dispensa apresentações. Amavelmente aceitou o convite deste blog para uma pequena entrevista respondendo a cinco singelas questões que, cremos, será mais um caminho para desfrutar da escrita de uma autora que pôs os portugueses a ler. Conhecia-a na Faculdade de Letras de Lisboa no tempo em que mantinha estreita colaboração com o jornal Se7e. Cedo se lhe adivinhava o reflexo da sua personalidade na sua escrita ágil, firme, determinada e irrequieta. O seu primeiro livro, Sei lá, publicado em 1999, foi um dos maiores sucessos de vendas em Portugal, atingindo números de vendas pouco usuais para o país. O seu último livro atingiu, até ao momento, a marca de sessenta e cinco mil livros vendidos, num inequívoco sinal de adesão do público que se revê na escrita contemporânea e ágil e no retrato de um quotidiano urbano, nem sempre, em sossego. Reiterando os nossos agradecimentos, passemos à entrevista...                                
                                                                       Como surge Margarida Rebelo Pinto no mundo literário?

Sempre quis ser escritora. Tive a sorte de crescer entre livros, os meus pais sempre me deram várias opções para escolher desde muito cedo. A partir dos 10 anos já lia todos os dias, é uma paixão que nasceu comigo. Nem me lembro quando comecei a escrever, deve ter sido mais ou menos nessa idade. O Sei Lá, publicado em 1999, (1º Prémio Literário Fnac em 2000) foi o primeiro romance a singrar por entre alguns manuscritos que andava a trabalhar há alguns anos. Os outros ficaram na gaveta, nunca mais lhes peguei.

Tom intimista,agilidade narrativa e personagens que se passeiam no espelho de uma realidade quotidiana. É esse o segredo do seu sucesso?

Não sei. Às vezes penso que ainda é mais simples do que isso, é uma questão de empatia. As pessoas lêem os meus livros com o coração porque se identificam com o que escrevo, é como se elas fossem os meus personagens, há uma identificação profunda e natural e esse fenómeno, enquanto escritora, nunca imaginei possível a tão larga escala

Como encara a "ameaça" de blogues e redes sociais ao livro em papel?

São coisas muito diferentes! Nunca fui fã da blogosfera, há muito pouca coisa boa e muitos delírios de autoreferência, não é nada a minha onda. As redes sociais têm um papel muito importante, elas aproximam as pessoas e são uma meio de divulgação especialmente eficaz e interessante.
Em "Não há coincidências" assistimos a uma resistência ao machismo não se deixando cair, contudo, no folclore feminista. É um equilíbrio real ou uma estratégia narrativa?

As duas coisas. Portugal ainda é um país de misóginos, essa é uma das minhas batalhas enquanto mulher e enquanto escritora, denunciar e combater a misoginia. O foclore feminista irrita-me imenso, acho uma coisa foleira, démodé. O que me interessa é perceber porque é que os homens têm medo das mulheres, por exemplo. Ou perceber porque é que as mulheres se deixam maltratar e não se conseguem libertar de relações doentias. As intrigas familiares e as relações amorosas são a base dos meus livros. A ficção serve para eu arrumar o caos interior. Mas nunca está arrumado, nunca, é uma tarefa perpétua.

Rui Veloso cantou: "Não há estrelas no céu", Margarida Rebelo Pinto escreveu: "Não há coincidências". Afinal em que ficamos?

Claro que há estrelas no céu, claro que há coincidências. Acredito que nada acontece por acaso, e o que semeamos é o que colhemos, mas para isso é preciso semear
 Luis Bento
.

EL AGITADOR DE CONCIENCIAS


Uma entrevista e um texto generoso sobre o escriba no portal do BBVA Espanha....

04-04-11
Destacado de la semana
Luis Bento, el agitador de conciencias 

Luis Alberto Bento es un lisboeta que desarrolla su labor en la Unidad de Apoyo al Cliente Interno (UACI) en BBVA España y Portugal sin descuidar el gran amor de su vida, la literatura. Escritor polifacético donde los haya, Luis no renuncia a casi ningún género literario y aprovecha las nuevas herramientas digitales para la difusión de su obra. En su curriculum literario destacan la publicación de un libro de crónicas costumbristas en Internet, ‘Lusitânia Online’, colaboraciones asiduas con la revista cultural ‘Lusofonia  Nova Águia’ y el lanzamiento de su nueva novela, ‘Verde Código Verde’.
La necesidad de escribir y el interés por la literatura se manifestaron en Luis a una edad muy temprana. Después de haber devorado una infinidad de volúmenes literarios sin discriminar géneros ni estilos, Luis Bento decidió dedicarse a las Letras y se graduó en Lenguas y Literaturas Modernas. Sin embargo, el destino y la casualidad hicieron que cambiara el rumbo de su carrera que, desde 1991, se ha desarrollado en la sede del Banco en Portugal. En todo ese tiempo, Luis ha sido incapaz de resistirse al ‘gusanillo’ de la escritura, que con el paso de los años se ha intensificado, siendo sobre todo la necesidad de relatar e intervenir en la realidad social lo que precipitó su regreso a la pluma.
Una pluma en sentido figurado, ya que Luis ha sabido sacar provecho de las nuevas herramientas del mundo digital, y ha hecho del blog su medio de cabecera para la difusión de sus relatos, crónicas y ensayos. Su primera obra publicada, ‘Lusitânia Online’, es precisamente, una recopilación de sus crónicas en formato digitalizado que puede descargarse a través de Internet desde cualquier parte del mundo. Un acceso ilimitado que sedujo a Luis desde el primer momento: ”Internet ha democratizado el acceso a la escritura y a la edición, un mundo tradicionalmente muy cerrado, que gracias a estas herramientas pone en contacto a personas de diferentes realidades sociales y profesionales y da voz a un pensamiento popular cada vez más crítico y participativo”.
Sin embargo, su inmersión en el mundo 2.0 no conlleva una renuncia a la literatura más sesuda y comprometida. Por el contrario, Luis se define como un ‘agitador de conciencias’ y en la medida de lo posible, trata de ubicar sus relatos y sus crónicas en la realidad social portuguesa. Como los fados, sus historias hablan del drama de lo cotidiano, de la fútil lucha contra el destino, siempre con un trasfondo moral y un final inesperado, que el autor sazona con un tono deliberadamente irónico y sarcástico. Una escritura realista y reflexiva que sigue la estela de sus grandes referentes lusos y españoles, entre los que destaca a Miguel Torga, Lobo Antunes y a Don Miguel de Unamuno.
Ahora, tras haber publicado su serie de crónicas y haber realizado diversas colaboraciones con la revista ‘Lusofonia Nova Águia’, prepara la edición de su primera novela, ‘Verde Código Verde’, un retrato crítico y costumbrista de la sociedad portuguesa que se desarrolla paralelamente en dos periodos históricos, la época revolucionaria y el presente actual. Mientras aguarda su publicación, colabora con un escritor compatriota afincado en Estados Unidos en un proyecto literario de gran envergadura, al tiempo que sigue entreteniendo y ‘agitando’ las mentes de los internautas a través de sus bitácoras. Una causa que Luis Bento considera intrínseca a la propia escritura: “El escritor puede y debe ejercer su influencia en un mundo que muta a una velocidad vertiginosa. No podemos limitarnos a los valores estéticos, debemos usarlos para defender las grandes causas; porque sin literatura de causas no tenemos pensamiento crítico”.
Para conocer más sobre la obra de Luis Bento, puedes consultar su blog.