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A crónica na Revista Caliban:
https://caliban.pt/paisagem-53e18d87f9d9#.fhkn6gtlh
O tempo foi avesso connosco, nas linhas que nunca conseguiu cruzar.
Hoje
já não há passado distante, só um tempo múltiplo, espartilhado, com a
vaidade a ostentar-se, como se tudo fosse eterno e o azul do mar não
fosse mais que uma metáfora protagonista de um desarranjo textual.
Não sei onde raio fica a paisagem, mas sei que o caminho segue o teu olhar.
Acomodo-me na inércia, nessa brincadeira camuflada onde se esconde o perdão.
O
sol já se pôs, uma fímbria de dependência que se fundiu no efémero,
aqui jaz outra noite, momento em que o eterno se torna no instante em
que te beijo.
Eu gosto da rotina,
do silêncio,
da parte secreta de mim que tenho vergonha de contar:
dois dedos tortos, um olho míope, nervos, sinusite e triglicéridos altos.
Encontro nos teus olhos a poesia que falta na composição da análise.
Resta-nos, no infinito das palavras, o momento em que te despi e trouxe as asas.
A lucidez vive nua…