Mostrar mensagens com a etiqueta vontade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta vontade. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

URGÊNCIA



Original bronze sculpture by Jesus Curia Perez — Paris Art Web


A crónica na Revista Caliban: https://caliban.pt/urg%C3%AAncia-b3fed82e76d9#.r29qkq225



Procuro, com urgência, morrer a tempo sobre o teu corpo enquanto o texto está desarrumado e nós continuamos indefinidos, numa vertigem que se torna plural.
Peço-te que fiques sempre mais um pouco, sobra de vontade, o desejo, que entre nós, se coloca, sempre, a seguir à vírgula.
Dás-me o corpo por inteiro de uma vez. Viajamos na transgressão, conspiramos contra o mundo, corremos, e ele, mais que nós.
Perdemos forças.
A vontade é um sopro que se abafa no peito em dia de finados.
Passou.
O mar continua lá, aos altos e baixos, a entrar-me pela janela.
E de repente chega a manhã longe de ti, metade incerta de um destino que já fui.
Morro um pouco em todos os lugares por onde passo e onde procuro por ti.
Nalgum ponto da nossa vida tudo vai correr bem para os dois, se o tempo parar e conseguirmos ser aquilo que o destino nos omitiu…
A claridade depressa se torna noite.
Derramo os últimos versos de amor no diário e aguardo que a realidade deixe de ser um incómodo.







sábado, 25 de julho de 2015

AFTER









Sou fragmento sem explicação, porto de partida sem ninguém de quem me despedir, vítima do abismo feito de lençóis e da vontade do verão que acabou de chegar. Ir embora é uma improbabilidade matemática na poeira cósmica e infinita de um universo, onde só interessa a linha de crédito a seis meses, sem juros e a náusea que sinto por algo de que já não me lembro. Ontem tinha menos anos que hoje, menos rugas e mais paciência. Saúde? Vai bem obrigado!

Ainda acordo, sem grandes certezas, todas as manhãs. Ainda moro na mesma rua, na mesma casa, no mesmo corpo. Desencontrámo-nos. O tempo corre depressa, eu penso devagar e nesse hiato poético... Anoiteço.