No trinta e quatro segundo
esquerdo da minha rua, há um homem que conta histórias no papel, há casas antigas,
com chaminés donde não sai fumo. Há paredes, ladrilhos e estendais. Há carros,
barulho, velocidade, pombos e pardais. Há graffittis e assaltos, ternuras e
tristezas, subidas e descidas, há igrejas, escola e mercearias. Na minha rua há
sonhos, sortes e carências, ilusões, mentiras e desejos. Há olhares, intenções,
dívidas e abraços. Há Natais, festas, música, pedras, caminhos e Pessoa… fado e
futebol. Há sempre fado e futebol… Fátima é lá longe e anda esquecida. Há
memória, relevâncias , excrecências , advérbios e substantivos, há gramática de
afectos de tempos idos, há doces, cores, sabores, café, há tu e eu, de vez em
quando, no trinta e quatro segundo esquerdo, da minha rua…