quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

SER OUTRA COISA



Wire Sculptures by Barbara Licha 

 

Esse foi o nosso pecado, julgarmo-nos imunes à superficialidade e excedermo-nos na libertinagem dos sentidos. As palavras chegam-nos sempre em segunda mão, por ouvir falar, por ler a quem já escreveu, à medida que vamos entrando na idade maior ganhamos a humildade suficiente para percebermos que não podíamos ter sido outra coisa…

 


segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

SUBVENÇÕES VITALÍCIAS






Num país periférico e falido, moralmente coxo, atacado pelas associações, agremiações e partidos herdeiros do antigo corporativismo era - digo bem - Era nos políticos que depositávamos a esperança e a força necessária para transformar uma Pátria que vive dias cinzentos. Afinal, são os primeiros a dar o pior exemplo e a ceder à ambição desmesurada. Aguardemos ingenuamente que arrepiem caminho, sob pena de assistirmos ao degradante espectáculo de uma Assembleia da República transformada num mero Snack-bar" de pândegos de elite, a comer em faqueiros de prata...

O TRABALHO





"Todas as pessoas têm a disposição de trabalhar com criatividade. O que acontece é que a maioria nunca dá por isso."

Truman Capote

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

CAFÉ DA MANHÃ




Zoran.Krnetic




A felicidade bem poderia ser uma chávena de café preto, sem açúcar, bem amargo, o frio da manhã, o seu olhar terno, o seu cheiro, o fim de semana em Paris, sol ao fim da tarde num outono ainda morno ou, mais simplesmente,  não ter que dizer adeus.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O MEU CONTO DE NATAL



A imagem é de Jean Paul Bourdier






Quando deu por si era o último vestígio de uma noite longa…

Não sabia o que seria o seu futuro, talvez cicatrizes do acidente de ontem, resto zero de uma equação indefinida, ele que nunca tinha tido jeito para as matemáticas. Não sabia como curar a ausência agora que o endereço da voz dela mudara de corpo. Desde aí adormecera por fora, o calendário passara a ter só noites e o seu espírito fechara-se, permanecendo incógnito, impermeável, livre de devassas. Só o amor podia subverter o desequilíbrio do seu quotidiano quando todos se tinham esquecido de resistir. Ele tinha muitos sonhos, estudou para engenheiro, ela para enfermeira e eles acabaram o namoro, ele detestava o cheiro a éter. Perdeu-a quando foi comprar umas asas.

Só não tinha medo do precipício quem tinha aprendido a voar.