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quarta-feira, 8 de abril de 2020

TEMPO DE QUARENTENA TEMPO DE LEITURA




Tempo de quarentena é tempo de leitura.

A revista Novos Livros, exclusivamente editada em formato digital é um projecto de grande qualidade, dirigida pelo bom amigo José Augusto Nunes Carneiro, que por amor aos livros se propõe divulgar as novidades literárias, os autores e partilhar informação e eventos. Na rubrica deste mês, dedicada às sugestões de leitura de autores e jornalistas, teve a amabilidade de incluir a minha sugestão.

Abraço José Augusto Nunes Carneiro

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

ENTREVISTA NOVOS LIVROS




Respondendo ao amável convite de José Nunes Carneiro uma pequena entrevista sobre… livros, ao Novos Livros - Revista de leitores para leitores

http://www.novoslivros.pt/2018/11/luis-bento-des-existir-do-improviso.html


1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro «Des Existir do Improviso»?
R- É uma excelente questão que me faz repensar o significado de obra, obra como objecto em construção, obra como objecto inacabado. Nesse sentido, «Des existir do Improviso» é mais uma ferramenta, ou antes, mais um pouco de argamassa num trabalho que venho a desenvolver há algum tempo e que materializa um percurso conscientemente inclusivo e aberto, ostensivamente ramificado. Este livro representa uma evolução no que escrevo, nos valores e princípios que pretendo discutir. O humor amargo, o sarcasmo, os murros no estômago, a estilística e as ideias estão lá, à semelhança de outros textos e livros do passado, mas aparecem agora (creio) de forma mais madura.

2-Esta é a segunda vez que recebe o Prémio Nacional de Poesia da Vila de Fânzeres: que significado tem para si?
R- Quem escreve, pretende fazer chegar a sua voz ao outro, contribuir com ideias para um debate, para uma leitura, acima de tudo para ajudar a mudar um pouco o panorama literário. Ser distinguido com um prémio literário de grande qualidade e prestígio, como é o Prémio Nacional de Poesia da Vila de Fânzeres, ainda por cima pela segunda vez, é uma excelente motivação para ganhar experiência, curriculum e continuar a acreditar na consolidação de um projecto pessoal de escrita.  Tive oportunidade de referir no passado que, mais que o valor monetário do prémio, o importante é o patrocínio para a edição do livro, o lançamento e todo o trabalho de divulgação da obra, incentivo de peso para ajudar a descobrir novos valores na poesia e na cultura conforme outras iniciativas do género da União de Freguesias Fânzeres/S. Pedro da Cova.

3-Pensando no futuro: o que está a escrever ou a preparar para editar?
R- No momento, enquanto aguardo resposta para publicação de um romance de 2017 que também foi distinguido com um prémio literário, estou a ultimar a continuação dessa história que muito gostaria de ver publicada. No primeiro romance um escritor acorda em sobressalto durante a noite quando um homem de negro lhe bate à porta trazendo um jogo de xadrez debaixo do braço. Cansado das suas queixas e reclamações, o homem de negro propõe-lhe disputar uma partida, se o escritor perder, dar-lhe-á nova oportunidade de vida, apagando a sua memória sem termo de comparação com a existência anterior, não sabendo sequer, que algum dia teve uma existência anterior, se ganhar tem a liberdade de recusar a proposta... E a vertigem desenrola-se em forma de roteiro cinematográfico, entre episódios e considerações sobre a revolução, a inércia, a felicidade, a memória, a falta de vontade, uma crítica revisionista ao sebastianismo, ao pós-revolução, ao desencanto, à sociedade que leva um idoso a urinar-se, perna abaixo, numa patética tentativa de assalto a um banco, com meia dúzia de personagens sui generis convocadas com humor amargo, quase ao cair do pano, para um final inesperado… No segundo romance, para além da evolução das personagens da história anterior, surge um apresentador de televisão em cujo programa, um dos convidados morre em directo. O programa continua enquanto os outros convidados vão sustendo o corpo do morto e respondendo por ele. Quando o público se apercebe do sucedido, começa a exigir mortos em palco e então os espectadores fazem filas à porta do estúdio, a levar acamados e moribundos para ver se morrem em directo. Gera-se um debate sobre a morbidez da ideia, o desmoronamento da sociedade e, no auge das audiências, do conflito e do debate, depois de uma cena em que um filho entra em estúdio para se suicidar, também em directo, o apresentador morre subitamente…e depois… bom, e depois o melhor é esperarmos para ver quando sai o romance…
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Luís Bento
Des Existir do Improviso
Chiado Editora  10€

Luís Bento na Novos Livros | ENTREVISTAS

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

NOVOS LIVROS





http://www.novoslivros.online.pt/


Grato ao Dr. José Nunes Carneiro pela entrevista ao Novos livros a revista de leitores para leitores.

1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro “Avessos”?
R-Avessos é, sem dúvida, um marco importante na minha escrita. Mais que o tijolo de uma obra é a trave mestra que, espero, venha a suportar um edifício de maior envergadura, o incentivo que me faltava para não parar e continuar a evoluir na escrita. Avessos, para além de ter sido o mais importante prémio literário que tive o privilégio de receber, representa a vontade de uma comunidade em trazer coisas novas ao panorama cultural, dar liberdade às palavras, aos autores e com isso, dar a conhecer a própria comunidade. Essa é, em ultima análise, a grande mais-valia de ser parte integrante deste projecto de escrita.

2-Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R-Como tive oportunidade de comentar noutro espaço estava demasiado parado em termos de produção literária. Publicava pequenos textos e crónicas no blog e faltava-me o combustível para seguir viagem. Concorrer ao Prémio literário da União de Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova foi a ideia base deste livro. Reuni alguns textos que reconstruí, construí outros de raiz e reuni-os com uma ideia comum: tirar a trela às palavras e ver que caminho seguiam, que rumo tomavam e se, porventura, nos levavam a descobrir o avesso da vida, que esta, vista pelo lado de fora, tem andado muito confusa…
3-Pensando no futuro, o que está a escrever neste momento?
R-Neste momento estou a escrever ainda que às prestações, um romance. Uma viagem pela memória, um passado que aparece sorrateiramente para nos desarrumar a ordem natural das coisas. Uma história que se desenrola em forma de roteiro, uma espécie de guião onde cada um, munido da razão e do conhecimento procura descobrir um caminho que, embora idêntico para todos, corre a diferentes velocidades. Uma mulher morre num campo de centeio, um homem aparece enterrado na praia apenas com a cabeça e o pescoço de fora à mercê da maré, outro homem acorda em sobressalto, de madrugada, quando um homem de negro lhe bate à porta, com um jogo de xadrez debaixo do braço para disputar uma partida. Traz consigo a oportunidade de lhe limpar a memória e oferecer-lhe uma nova vida, mas sem termo de comparação com a anterior. A história é o pano de fundo para se comentar a revolução, a oportunidade e o desejo, a fragilidade das relações, a vontade e a inércia face à necessidade de se sobreviver à insignificância e a força necessária para se aceitar uma liberdade que nunca vem de borla. Enfim, um projecto ambicioso que pretendo terminar o quanto antes.
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Luís Bento
Avessos
Lugar da Palavra
(Prémio de Poesia da União das Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova/2015)