quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

E A VIDA CONTINUOU




Chegou-me, hoje, por correio "E a Vida Continuou - Incursões na Loucura de uma Existência Normal" de Mário Jorge Almeida e já o li. Para quem pensar que os bancos são instituições de gente séria a gerir fortunas no conforto dos gabinetes, tem que ler este livro para perceber como um "Danny Devito" lê enciclopédias na casa de banho para decorar palavras caras para as reuniões que dirige, ou um "esparguete" que arranjou emprego à conta do irmão e conseguiu rebentar com uma corretora e despedir quase um terço dos funcionários de um banco. Pelo meio há sexo, muito sexo, má gestão e picardias. Só assim se percebe a hecatombe do panorama financeiro português. Uma viagem pela memória, pela adolescência, pela banca dos anos oitenta até aos nossos dias, Moçambique e a descolonização, num tom irónico, por vezes jocoso, um retrato da mediocridade que grassa nalguns setores, resultado de uma vontade e de um novo recomeçar...

"Não obstante ser clara a noção de valores e decência ou ausência total deles, que podemos intuir relativamente à atitude de uma empresa que durante a Quadra Natalícia decide despedir coletivamente perto de 150 empregados, alguns dos quais, (...) com mais de 50 anos de idade, (...) a verdade é que sem esta nova situação em que me encontro, escrever este livro teria permanecido no mesmo estado de projeto eternamente adiado em que se encontrava desde há quase trinta anos."


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