Eric Fischl. Bad Boy |
- Apeteces-me! – A desenhar-se-lhe nos lábios, sussurro solto e certeiro agitando a melancolia das memórias, dúvidas e hesitações com que se mirava, a medo, ao espelho, fugindo do reflexo baço da existência, qual pássaro de asa curta a ensaiar o vôo.
- Apeteces-me! – A tocar-lhe a pele, onde, numa obediência cega e gramatical, as palavras se diziam e deixavam dizer, impregnadas de cheiro e entrega, em território livre com o amor à redea solta a baixar a guarda e sem saber que nome dar a tanta intensidade.
- Apeteces-me! – E ele a regressar à doçura com que a acarinhava com palavras firmes... estou…tenho…devo… quero... tão sequencialmente doce, a terminar num baraço irremediavelmente fiel à singeleza do encanto próprio da inocência da criança e que lhe fizera, lenta e paulatinamente, perceber que era no perfume e leveza das mesmas que poderia voar ou, simplesmente, encontrar forma de existir...
Belo conto, de grande sensibilidade! Parabéns! Um abraço.
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