domingo, 26 de novembro de 2017
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
POLITIQUÊS
Alavancar e
elencar são, a par com implementar, verbos de relevância fundamental no
discurso, que um bom político não pode dispensar. Bom, subentenda-se, no
sentido de bom para ele próprio, homem de fibra com muita resiliência,
preparado para o stress dos timings e dos feedbacks, numa conjuntura apertada e
envolvente, cujo contexto apresenta uma problemática exigente, mas nada que um
briefing com os colaboradores, depois de enumerar prioridades e estabelecer
compromissos, não resulte numa estratégia de curto prazo com definição de metas
e objectivos, para resolver a problemática dos diversos sectores abrangidos
pelo responsável, que irá definir, monitorizar e partilhar tarefas, de modo a
dar resposta cabal ao tema através de medidas adequadas para o efeito e cumprir,
escrupulosamente, com o respectivo deadline sem ultrapassar a linha vermelha do
budget.
Perceberam?
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
ESTADO DE SECA
E "prontes!" O estado de seca extrema continua a assolar o país com especial incidência na região do Carnide. Duas Matrioskas de Moscovo para mais tarde recordar...
sábado, 18 de novembro de 2017
DOMESTICÁLIA
Um livro que ensina a pôr na linha a criadagem e a manter o tampo da sanita quente para o senhor, a piscina limpa, sem folhas nem carumas, as pratas e os ouros a brilhar com "Duraglit", qual enfeite de Natal do Cascais Shopping, casas de banho passadas a escova de dentes nas juntas entre mármores de Carrara e uma quantidade de conselhos práticos para a arte de bem servir, é uma peça do mais fino recorte literário que vai vender "cmó caraças"...
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
MARCELO
Imagem de João Bizarro
|
Ele dá abraços, beijinhos, faz pantominas, dá recados e, porventura, bolhinhas com a boca. Kit Marcelo, a prenda ideal para o Natal.
A imagem é de João Bizarro e caiu-me nas mãos. Foi uma prenda!
domingo, 5 de novembro de 2017
CORPO-ROCHA
Era um tipo mais-ou-menos, que
levava uma vida assim-assim, com falta de espaço na lembrança de que tudo era
denso, única forma possível de habitar o corpo-rocha.
DO OUTRO LADO DO ESPELHO
Do Outro Lado do Espelho, título que remete intencionalmente para o mundo de Alice Liddell, a heroína de Lewis Carroll (1832-1898), é uma exposição temática, que tem o espelho como foco principal e que pretende demonstrar a sua presença polissémica na iconografia da arte europeia, sobretudo na pintura, mas também em obras com outros suportes, como escultura, arte do livro, fotografia e cinema.
Curadoria: Maria Rosa Figueiredo com a colaboração de Leonor Nazaré
"Grátes" aos domingos... Até Fevereiro 2018
sexta-feira, 3 de novembro de 2017
SEMÂNTICA
Malika Favre |
Ele era poeta e escrevia-lhe cartas, dezenas delas, por sinal, constantemente rejeitadas.
- Cheias de erros ortográficos - Dizia ela.
E ele corrigiu a ortografia e acrescentou metáforas, antíteses e outros artifícios de estilo.
- Palavras sem sentido! - Respondeu-lhe, agora, sem entusiasmo.
E assim se perdia o amor por via da semântica.
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
HEIN SEMKE
Hein Semke |
"O certo é que se dizem as coisas um bocado antes da fúria. Somos assim, os portugueses, a nossa pacatez é uma alma cristã um bocado antes da fúria."
valter hugo mãe, In JL 23/12/2015
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
ILESOS
Ele era de luas, apetites, fragilidades e mau
feitio…
Ela aceitava gritos, desculpas e o facto de ele ser mesmo assim.
Ele
ofereceu-lhe pomada para as nódoas negras, ela deitou-lhe veneno na sopa.
Há corpos onde pertencemos… e outros de onde
não saímos ilesos.
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
terça-feira, 17 de outubro de 2017
WALTER HUGO MÃE
sexta-feira, 13 de outubro de 2017
TARDE
Foi numa tarde cinzenta, de
despedida, que te guardei e é aí que, de vez em quando, te vou buscar. Sinto a respiração profunda e o um certo alívio ao fechar os olhos e fingirmos que
nada aconteceu.
FOLIO
Começa Hoje!!
A terceira edição do FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos até 29 de Outubro, sob o tema Revoluções.
A programação completa do FOLIO está disponível aqui e informações adicionais podem ser consultadas na página Óbidos Vila Literária.
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
TRANQUILIDADE
A razão envenena a tranquilidade e o tédio agarra-se ao corpo como réptil viscoso, porque não desce o anjo a anunciar a inutilidade da impaciência já que tudo é curto e finito?
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
MADONNA NAÇÃO VALENTE
Por estes dias, os jornais mostram uma Nação Valente que se levanta com o futebol, que já se esqueceu de Pedrógão, da dívida, da seca, mas que não perde um episódio da Madonna em Portugal a fazer lembrar os livros da Anita: Madonna tossiu, Madonna espirrou, Madonna procura casa, Madonna monta a cavalo, Madona ficou feliz com a selecção. neste rectângulo provinciano a correr em grande lufa-lufa, rapidamente e em força, a caminho do Portugal dos Pequeninos!
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terça-feira, 10 de outubro de 2017
quinta-feira, 5 de outubro de 2017
O NOBEL DA LITERATURA
"Nós somos casas muito grandes, muito compridas. É como se morássemos apenas num quarto ou dois. Às vezes, por medo ou cegueira, não abrimos as nossas portas."
António Lobo Antunes
Não, não foi para o Lobo Antunes, o Nobel foi para Kazuo Ishiguro - "Para fazer o mundo feliz". Desta vez, sem direito a viola ou harmónica...
A ÚLTIMA CENA
Photo by Tom Barrett on Unsplash |
Nem chegou a saber o que aconteceu no jantar.
Uns acordes de jazz, Miles Davis a acompanhar bebida e discussão,
uma dor de cabeça, outra de alma
e os olhos vazios presos na última cena.
terça-feira, 3 de outubro de 2017
segunda-feira, 25 de setembro de 2017
domingo, 24 de setembro de 2017
A FÁBRICA DE NADA
Exposição Portugal Flagrante Centro de Arte Moderna Gulbenkian |
Hoje fui ver A Fábrica de Nada, em conjunto com Eu, Daniel Blake e São Jorge completei a trilogia em torno de um maior denominador comum: o desemprego. Se em Eu, Daniel Blake nos sentimos esmagados perante a falta de sensibilidade da funcionária da Segurança Social imune ao desespero de quem espera uma resposta, uma solução ou um milagre e se em São Jorge nos confrontamos com o mundo dos abutres das "cobranças difíceis, em A Fábrica de Nada expõem-se causas, dramas, conflitos no interior da engrenagem capitalista, no seu ritmo inexorável de confronto e derrube de qualquer tentativa de resistência, assistimos ao discurso dos trabalhadores cuja única exigência é ter trabalho, ao discurso dos intelectuais sobre o fetichismo mercantilista, da actualidade de Marx, blá, blá, blá, do protagonismo do tempo, personagem pesada no drama do desemprego. No final, abre-se uma porta de esperança na figura da auto-gestão, no confronto discursivo entre o trabalhador e o intelectual no acerto de contas social que resume tudo a uma única frase: A divisão não se faz, hoje, entre Esquerda e Direita, mas entre os que querem viver no sistema e o aceitam, ainda que em regime de escravatura e aqueles que estão dispostos a abdicar dos telemóveis , dos carros e do conforto capitalista, luta inglória num tempo em que cada vez há mais gente a querer passar para o outro lado, num mundo em que a vida particular se desmorona para além do dinheiro e da crise, do divórcio e dos amigos que se evaporam, dos colegas iludidos na velha máxima de que só acontece aos outros, mas ela está aí, a porta entreaberta de esperança, indicada no filme com um caminho a seguir: Resistimos?
A não perder.
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quarta-feira, 12 de julho de 2017
REVISTA LION
https://issuu.com/isabeloliva-teles/docs/revista_lion__net_ |
A Revista Lion teve a gentileza de me entrevistar. entre as memórias da escrita, os romances e autores preferidos, significados e esperanças, sobressaem duas páginas de entrevista excelentemente conduzida pela Isabel Moreira numa revista de grande qualidade e de impacto social.
domingo, 9 de julho de 2017
O POETA LUNÁTICO
A mãe dissera-lhe, em pequeno, que se fosse sozinho na vida seria um
cabeça no ar e ele encolhia os ombros e voltava-se para a floresta que
se estendia à sua frente, emoldurada na janela do casarão antigo,
herança de família que muito custava a manter hoje por força das
finanças. A casa fora ganha ao jogo pelo seu bisavô, que roído pelo
remorso, distribuíra todo seu dinheiro e propriedades por gente
necessitada deixando o imóvel a cargo da família. Do alto da copa de
três castanheiros voaram alguns corvos que lhe pareceram abutres atrás
do cheiro de carne putrefacta de guerreiros japoneses tombados numa
planície. Tinha noção do tamanho fértil da sua imaginação perdida no
meio de índios e cowboys da infância, naves espaciais e legionários
romanos. Para além da imaginação, fazia versos. A mãe tinha apreço, como
dizia habitualmente, por ele se mostrar um rapaz sensível, mas temia
que isso se tornasse numa imprudência. A poesia, com o que ele deitava
cá para fora, podia ser um óptimo divã para psicanálise, mas colocava-o
em risco ao expor de forma tão desabrida o que lhe ia na alma e poderia
acabar por ter que pagar uma tremenda factura. Em pequeno, era um rapaz
muito linear, contido nas palavras que não fossem poéticas. Gostava de
ficar, aos domingos de manhã, a ver documentários sobre bichos,
florestas exóticas, populações indígenas e logo a seguir ao almoço, lia
as tiras de banda desenhada dos jornais depois do pai fazer as palavras
cruzadas. Durante a tarde dormitava e lia uns versos de Sophia, à noite,
para tirar o fastio das letras via um episódio do Homem Aranha no canal
dois. Nas suas leituras e pensamentos sobrava espaço para pensar na
morte por encontrar nela uma harmonização, uma espontaneidade disponível
e democrática. A sua dedicação ao estudo da poesia e da morte, o seu
interesse em forças ocultas e temas de baixo relevo no pensamento
filosófico cresceu com a idade adulta e advinha da sua convicção de não
se sentir propriamente dotado para o que quer que fosse, interessando-se
por aquilo que os outros consideravam não ter interesse. Isso
trazia-lhe alguma auto-estima pela superioridade do seu gosto pelo
artístico e pelo sublime. Achava que ser normal era muito mais difícil e
dava muito mais trabalho, sendo mais fácil abandonar-se a uma estrutura
minimalista, outras vezes achava que era precisa muita coragem para se
sentir perdido e que a realidade era, por si só, suficiente para o fazer
perder tempo e que ele só inventava coisas porque estava desempregado,
era alarve, insaciável e manifestamente indecoroso, contendo-se para não
ficar refém da felicidade.
sábado, 8 de julho de 2017
PAÍS A PRAZO
"Num país em que tudo é a prazo, empregos a prazo, contratos a prazo, relações amorosas a prazo, ele sentia-se fora de prazo porque ainda não conseguira trabalho.
A rotina de um desempregado é demolidora. Mergulhava numa angústia terrível de cada vez que se sentava à secretária para seleccionar os anúncios adequados ao seu perfil. Enviava dezenas de cartas todos os dias. Raramente recebia um telefonema para se apresentar numa entrevista (...) a primeira coisa que um desempregado perde é o orgulho. Mais tarde também perde a compaixão dos que o apoiam."
IN, O Tibete de África. Margarida Paredes
quarta-feira, 5 de julho de 2017
COVA DA MOURA
5 de Julho de 2017, dia de visita guiada ao Bairro da Cova da Moura através do guia da Associação Moinho da Juventude. Um olhar diferente sobre um bairro de gente jovem, que se esforça por manter uma cantina social que serve refeições diárias a crianças e aos mais necessitados. Mesmo ali em frente, na Força Aérea, alguns oficiais faziam contabilidade criativa na messe, mais batata menos batata, triplicavam preços e praticavam ilícitos enquanto outros lutavam contra a carência. Mais batata menos batata, estabelecem-se prioridades, responsabilidades e ética ou falta dela. Siga a Marinha...
sexta-feira, 16 de junho de 2017
PRÉMIO NACIONAL DE LITERATURA LIONS DE PORTUGAL
Cerimónia de entrega na Quinta da Salmanha 15/06/17 |
Surpreendido e muito feliz, é
como me sinto por ter sido distinguido com o Prémio
Nacional de Literatura Lions de Portugal pela novela "Psicopatia das Pessoas de Bem".
O Prémio Nacional de Literatura
Lions de Portugal, no valor de 2.500 euros, destina-se a galardoar o autor de
uma novela inédita, através do qual, a Associação Internacional de Lions Clubes
- Distrito Múltiplo 115, patrocinada pela Fundação Lions de Portugal, pretende
contribuir e estimular a produção e divulgação desta produção literária inédita
junto da população em geral. O Prémio, que nas edições anteriores galardoou o
escritor João Morgado e a escritora Patrícia Reis veio, desta forma, trazer um forte
contributo e incentivo para uma escrita irreverente e uma maior responsabilidade
para o futuro. Quero agradecer, também, o carinho e a simpatia de todos quantos
tornaram este 15 de Junho grande e ajudam a tornar grandes, os dias de todos os outros,
através da sua actividade de voluntariado e intervenção social de uma entidade
que conta já com cem anos de existência.
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