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terça-feira, 17 de julho de 2012

CONTAR ESTRELAS



Aprendera que a vida corria a várias velocidades, especialmente na idade adulta, em quarta a fundo, quando regressava à marcha lenta e engasgada da infância, lá na terra, com o pai a perguntar-lhe  o que fazia ele, tão hirto e sério a olhar para o céu.

- Conto as estrelas! - Assim, obscenamente seguro e despido de vaidade. Deves contar deves…nem pró ano sais daí…anda! Mexe-te! Vai lavar os dentes e cama, que elas não fogem. Tens a vida toda para as contar…

- Dois milhões quatrocentas e trinta e duas mil cento e vinte e uma…- Com rigor de contabilista encartado em minudências. O pai cofiou a barba e alternou o olhar desconfiado e prescrutador entre o miúdo e o céu, escuro como breu, pejado de pontos brilhantes que ele iria jurar, ter visto, naquele momento, estarem a sorrir…