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quarta-feira, 4 de julho de 2012

TRANSPARÊNCIAS I

            (...) 
Nua, encostada à parede, de pernas abertas, ligeiramente flectidas, dedilhando as pregas do sexo com a perícia sincopada de um pianista, afundava  o dedo médio e o indicador e transportava-os até à superfície humedecendo a entrada enquanto a sua mão esquerda comprimia,  ao de leve, os seios. Ansiava tê-lo ali, já, em permanência, desfrutando do seu prazer. O ritmo do toque acelerou-se mal sentiu a chave na porta. Lá fora chovia com uma intensidade digna de filme e ele, encharcado e a tiritar de frio, olhou-a e, de imediato, se desembaraçou do casaco, do qual, segurava ainda com uma lassidão morna, as abas e um destroço de guarda-chuva. Tirou a camisa e deixou-se tombar de joelhos diante do seu sexo. Apoiou-se lhe nas pernas, ligeiramente acima do joelho estendeu a língua e começou um lento percurso de carícias  pelas coxas, titilando, ao de leve o clíoris. Ela cravou-lhe as mãos na nuca empurrando-o, com firmeza, para o sexo que  entreabria  em flor
saudando a chegada das manhãs de Abril.
- És meu! – Sussurrou-lhe ela.
- Seeempree… -  Anuiu ele..
Puxou-lhe o cabelo para trás despegando-o de si. Introduziu o dedo médio e o indicador,  alguns segundos, dentro do aveludado húmido do sexo  não se coibindo de lhe enterrar os dedos na boca para que ele se inbriasse com o seu perfume adocicado. Empurrou-o de novo, com ligeireza. Ele, dexou-se cair  e deitou-se no chão em câmera lenta, ela ajoelhou-se  e puxou-lhe as calças molhadas e as boxers. A língua dela descobria, agora, um carreiro  até ao interior das suas pernas sentindo  na face a carícia do sexo entumescido. Não resistiu: provou-o … Uma e outra vez... E estendeu-lhe os lábios para um beijo de partilha e volúpia.Deixou descair as ancas e num espasmo arregalou os olhos mal o sentiu entrar. Começou então um lento vai-vem entrelaçando os dedos nos dele com os nós apoiados no chão. O movimento tornara-se mais rápido e insistente. Consumiam-se na transparência fluida do olhar onde cabia o arco-íris e o mundo inteiro lá dentro  (...). A fricção tomara uma cadência frenética só parando no estremeção e no murmúrio imperceptível dos sons guturais até se sentir inundada de prazer. Ela oferecera-se com generosidade, ele entregara-se sem obstáculo.  (...) ele estranhava-lhe o silêncio. Ela, para quem as palavras eram supérfluas quando a certeza era firme e esta se manifestava no movimento  do corpo em tradução livre do desejo, sorria-lhe encontrando, finalmente, não aquilo que procurava, mas aquilo que os fazia felizes…