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segunda-feira, 23 de abril de 2018

FRAGMENTO



Medium

Sou um fragmento sem explicação, sem porto de partida  nem ninguém para esperar à chegada.  Somos vítimas do abismo feito de lençóis e da vontade do verão em querer ir embora, uma improbabilidade matemática na poeira cósmica e infinita do universo, onde só interessa a linha de crédito a seis meses, sem juros e a náusea que sinto já não sei porquê. Ontem tinha menos anos que hoje, menos rugas e mais paciência. Família? Vai bem obrigado! Ainda acordo, sem grandes certezas, todas as manhãs, ainda moro na mesma rua, na mesma casa, no mesmo corpo.
Desencontrámo-nos. O tempo corre depressa, eu penso devagar
E nesse hiato poético,
Anoiteço.