segunda-feira, 9 de junho de 2014

ÂNGULO





E tudo começou com uma amizade comum, uma troca de mails e " um álbum intitulado "partnerships", com o objectivo de convidar escritores a complementarem as minhas fotos com um texto, prosa ou poesia. Aquilo que preferirem." E saíu um texto que penso ser a moldura certa para uma imagem perfeita.


Preferia a chuva, especialmente miudinha, ao azul inofensivo das manhãs de verão. Preferia o subtil equilíbrio entre o Douro pincelado de luz e as tardes de outono cinza na cidade,  ao esquisso desmaiado dos nenúferas de Monet. Meio a sério meio a brincar, achava que o seu melhor ângulo ainda não tinha nascido e, por isso, não ficava bem nas fotografias. Gostava do amargo do vinagre no fundo da língua, de versos sem rima, de Saramago e de fotografias a preto e branco, mas do que gostava mesmo era de gastar o tempo a fazer os outros felizes. A isso, chamava-se amor.



1 comentário:

  1. As fotografias mágicas do Júlio Aires e as tuas palavras feitas magia...uma combinação que me orgulho de ter promovido.
    Parabéns aos dois.

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