E tudo começou com uma amizade comum, uma troca de mails e " um álbum intitulado "partnerships", com o objectivo de
convidar escritores a complementarem as minhas fotos com um texto, prosa
ou poesia. Aquilo que preferirem." E saíu um texto que penso ser a moldura certa para uma imagem perfeita.
Preferia a chuva, especialmente
miudinha, ao azul inofensivo das manhãs de verão. Preferia o subtil equilíbrio
entre o Douro pincelado de luz e as tardes de outono cinza na cidade, ao esquisso desmaiado dos nenúferas de Monet.
Meio a sério meio a brincar, achava que o seu melhor ângulo ainda não tinha
nascido e, por isso, não ficava bem nas fotografias. Gostava do amargo do
vinagre no fundo da língua, de versos sem rima, de Saramago e de fotografias a
preto e branco, mas do que gostava mesmo era de gastar o tempo a fazer os
outros felizes. A isso, chamava-se amor.