domingo, 11 de setembro de 2016

A SANTA CHINESA





Loja na Almirante Reis com material de canalização, brinquedos, loiças e bric-à-brac





Às vezes só existimos dentro da nossa cabeça, quando fazemos algum disparate que nos dê importância ou quando recordamos o passado, enquanto o silêncio não nos mata aos bocadinhos. 
Em miúdo, o irmão mais novo do Fanan, que regressara estropiado de Angola, invejava-nos e ficava muito hirto à frente da nossa casa a atirar pedrinhas contra a janela do rés-do-chão, já que não tinha força para atingir o segundo andar, mas sem partir os vidros, era só para nos aborrecer nem sei bem porquê. A minha mãe dizia que era das invejas, que as pessoas tinham o olho gordo e benzia-se com frequência, acabando por comprar uma pequena estatueta da Santa chinesa, que ela achava ser de porcelana, a quem fazia um pedido e lhe retirava a mãozinha, que se desenroscava e só voltava a colocá-la no orifício depois da graça concedida. A vizinha do lado, que publicava anúncios nos jornais a pedir milagres em barda a São Judas Tadeu, desesperada pela falta de respostas, pediu-lhe a santa emprestada por uns dias. 


Quem empresta não melhora… E é bem verdade…


Acabou por cedê-la e a amizade terminou no momento em que ela lha devolvera sem a mão. Nunca soube ao certo como acontecera. Apesar de a ter colocado em local seguro, a mãozinha, trabalho fino e precioso de artista, razão de muitos momentos de ansiosa esperança, desaparecera. A minha mãe que queria que eu fosse para médico ou professor, antecipava culpas e atribuía responsabilidades à negligência grosseira da vizinha, o meu pai que colocava no mesmo nível médicos e talhantes, não via nisso grande mal no mundo, desde que fugisse da cultura que não enchia barriga.


Mestre de obras! Mestre de obras é que era bom, engenheiro técnico era ainda melhor! 


Nem uma coisa nem outra, que não tinha queda para a régua e esquadro nem estômago para sangue e miudezas. A mãozinha nunca apareceu, a santa perdeu-se na mudança de casa, da vizinha nunca mais houve notícias, assim como de graças concedidas, excepção feita ao milagre de acordar todos os dias, até ao momento…


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

ACABARAM-SE AS FÉRIAS!






E pronto! Acabaram-se as férias!

Quatro mil seiscentos e tal quilómetros de carro (ida e volta). 

Saída às seis e meia da manhã, directo a San Sebastian, novecentos quilómetros (fáceis) com paragens, mesmo a tempo de comer uns pinchos e experimentar as águas quentes e sem ondas da praia da Ondarreta.  
Muito azul, muito verde, muita animação. 


Depois... Depois Bordéus, Nantes, Rennes, Bretanha, Brucelândia, Saint Malo, com passagem obrigatória pela Utah Beach, Omaha Beach e pelo cemitério americano para que não se esqueça a memória.




Le Mont Saint-Michel logo a seguir, um salto a Fougéres, o regresso por Saintes, e o descanso em Vitória-Gesteitz para terminar, em beleza, no País Basco. 


Trânsito condicionado: Só ciclistas e girafas às riscas...


O muito que há para relatar fica para um prometido diário de bordo com peripécias, fotos, dicas, restaurantes, hotéis, museus, manifestações, graffitis, motards, "moules frites", ostras, gente simpática e o que mais se aprouver, a sair brevemente...

terça-feira, 9 de agosto de 2016

CONVITE À GALP










Exmos. Srs,

Sou vosso cliente desde a extinta “Companhia Reunida de Gás e Electricidade”, nos tempos em que Portugal, campeão de vitórias morais no futebol, raramente marcava presença nos torneios internacionais, bem como assíduo cliente dos vossos postos de abastecimento de combustíveis em Portugal e em Espanha, onde abasteço a viatura com gasolina Galp a bon precio, correndo, ainda assim, o risco de ofender alguns detentores de cargos públicos por classificarem este acto pouco patriótico e, vá-se lá saber porquê, desagravar e considerar um convite da vossa empresa para um jogo da Selecção, um acto imbuído do mais puro e abnegado altruísmo. Não venho indispor Vossas Exas. nem cravar entradas para o futebol ou outro evento desportivo de semelhante relevância, mas na minha qualidade de cliente “habitué” da vossa gasolina e gás natural, venho, apenas, e muito seriamente, fazer-vos um convite que muito me honraria ( a mim e a mais uns quantos ingénuos contribuintes como eu) que aceitassem, e que passaria pelo singelo acto do pagamento, de forma voluntária, da vossa factura fiscal ( cujo diferencial neste momento ronda os 100 milhões de euros…) fazendo assim com que a nossa deficitária balança fiscal e moral ficasse, não diria equilibrada mas pelo menos, menos coxa… Aguardando com ingenuidade e esperança, na volta do correio, resposta positiva da vossa parte a este meu humilde convite, vou, por via das dúvidas, buscar uma cadeira para esperar sentado.

Cordialmente,

Luís Bento

quarta-feira, 6 de julho de 2016

PORTA-AVIÕES AO FUNDO






Esta é a realidade... Os ingleses, habituados, desde sempre, a conduzir na outra faixa, decidiram arrepiar caminho. Porta-aviões ao fundo!