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sexta-feira, 16 de junho de 2017

PRÉMIO NACIONAL DE LITERATURA LIONS DE PORTUGAL


Cerimónia de entrega na Quinta da Salmanha 15/06/17





Surpreendido e muito feliz, é como me sinto por ter sido distinguido com o Prémio Nacional de Literatura Lions de Portugal pela novela "Psicopatia das Pessoas de Bem". 

O Prémio Nacional de Literatura Lions de Portugal, no valor de 2.500 euros, destina-se­ a galardoar o autor de uma novela inédita, através do qual, a Associação Internacional de Lions Clubes - Distrito Múltiplo 115, patrocinada pela Fundação Lions de Portugal, pretende contribuir e estimular a produção e divulgação desta produção literária inédita junto da população em geral. O Prémio, que nas edições anteriores galardoou o escritor João Morgado e a escritora Patrícia Reis veio, desta forma, trazer um forte contributo e incentivo para uma escrita irreverente e uma maior responsabilidade para o futuro. Quero agradecer, também, o carinho e a simpatia de todos quantos tornaram este 15 de Junho  grande e ajudam a tornar grandes, os dias de todos os outros, através da sua actividade de voluntariado e intervenção social de uma entidade que conta já com cem anos de existência.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

ENTREVISTA COM ANA MARQUES




Ana Marques nasceu em Lisboa em 1969 e formou-se em Medicina Veterinátia na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em Vila Real onde veio a leccionar Patologia Cirúrgica. A paixão pelas letras, desde cedo, que rivalizou com o amor que tem pelos bichos, tendo editado o livro de poesia "Abraçar o Sonho", edição de autor em 2010, e o livro de poesia "Barriga de Poemas", pela Editora Vieira da Silva em 2014.
Actualmente dedica-se à prática clínica de animais de companhia em Belas e mantém o blogue A Generosidade de Estranhos



1.                  O que é, para ti, escrever?

Escrever é um modo de evasão. Uma maneira de sair do mundo real/convencional e passar a um outro mundo onde não se aplicam as mesmas regras. Escrever é ao mesmo tempo desbravar e construir esse mundo.

Há outras maneiras de conseguir isso, não é só a escrita que o permite. Há quem largue tudo e vá correr o mundo a pé, outros vão combater na guerra (podem até ter causas nobres), houve povos que o fizeram de forma literal: pegaram em caravelas e fizeram-se ao mar em busca de novos mundos, entre eles uns tais de portugueses...

O que a escrita permite é manter os dois mundos ao mesmo tempo. Entrar e sair deles a nosso bel-prazer. Sem necessidade de grande esforço ou especial coragem.

São janelas e portas que nos permitem saltar, em silêncio, de um mundo onde as leis estão definidas e conhecidas para outro que espera que sejamos nós as ditá-las, de acordo com a nossa imaginação.

A escrita permite compartimentalizar dois mundos que são opostos: o da razão e o da fantasia.

Há quem viva sempre na fantasia, nada contra. A escrita é, talvez, muito útil a quem não quer abdicar de nada.



 2.                   A poesia está na moda, fora de moda ou não vai em modas?

Está e não está. Ou seja, em termos de forma a Poesia vai em modas. Em termos de conteúdo creio que está para além da moda porque ela é universal e intemporal.



Gosto muito de um livro, uma antologia de Poesia que foi publicado em 2001 para celebrar o facto de o Porto ter sido em 2001 a Capital Europeia da Cultura, chamado “Rosa do Mundo”,  2001 Poemas Para o Futuro. É calhamaço que abarca a poesia conhecida ao longo da História, desde as civilizações mais remotas até aos autores nascidos em 1945. Estamos a falar de poesia fixada pela palavra escrita ao longo de milénios.

O que é que podemos ver nesta viagem tempo/espaço sobre a Poesia no Planeta? A forma muda, vai variando, às vezes com rima, outras sem rima, às longa outras curta e pode até haver ciclos como na Moda em geral mas o conteúdo, a substância, a essência, essa é sempre a mesma porque no fundo, a Natureza Humana é só uma. A Rosa do Mundo é intemporal. E conseguimos perceber tão bem um homem que viveu na Etiópia há três mil anos como um português do Sec XI que escrevia uma cantiga de amor ou de amigo.

Deixo um exemplo:
                                    (Etiópia, Oromo)
                                                                       Copla de Amor


Se eu fosse um touro,
Um touro, um belo touro,
Belo mas teimoso,
O mercador comprar-me-ia.

Comprar-me-ia e matar-me-ia,
Esticaria a minha pele,
Levar-me-ia para o mercado.

A mulher grosseira tentaria negociar-me em vão,
A bela rapariga comprar-me-ia;
Amassaria aromas sobre mim.

Eu passaria a noite enrolado à sua volta;
Eu passaria a tarde enrolado à sua volta.
O seu marido diria:” é uma pele morta”!
Mas eu estaria junto do meu amor.

A constância da Natureza Humana não é, no entanto, um dado adquirido para o futuro, apesar dos milénios no passado a bater nas mesmas teclas (o Amor, a Morte, o Ciúme, a Guerra, a Saudade, o Tempo, etc.)

Leio, volta e meia, umas notícias que dão como certa a necessidade do Homem se fundir com alguma forma de inteligência artificial para sobreviver enquanto espécie. Ora a inteligência artificial é capaz de ser muito útil para resolver uma imensidão de problemas complexos. Como será a Poesia nessa Era não consigo prever. Aliás, nunca ouvi a expressão “sensibilidade artificial”. Será a Poesia capaz de perdurar em tempos biónicos? Espero que sim.
  
3-  Fala-nos um pouco deste teu Poémica e onde o podemos adquirir ou encomendar.         

Poémica é um conjunto de poemas escrito em 2014, que conta, ou pelo menos tenta (os leitores o dirão), uma história muito simples. Já escrevi muita poesia depois disso, alguma até me parece mais bem conseguida, mas, até agora, e muito provavelmente, nunca inventarei uma colecção de poemas tão coerente e coesa. Por isso tenho um carinho especial por este livro apesar de estar a sair com 2 anos de atraso (deveria ter sido em 2015). Poderia escrever um livro sobre a elaboração deste livro, tais foram as peripécias que atrapalharam esta edição. Valeu a pena esperar pois, entretanto, descobri a Ana Amil, a Designer Gráfica que trabalhou o miolo e fez a capa maravilhosa deste Poémica e me fez esquecer as dificuldades passadas.
Quem quiser adquirir o livro pode contactar-me por mail (dra.anamarques@gmail.com), através do blogue A Generosidade de Estranhos http://agenerosidadestranhos.blogspot.pt/, ou através do Facebook, Twitter, Instagram ou ainda no dia do lançamento que será lá mais para o final do ano.

ESCREVER, LER E "AMIZAR"



Tudo começou em 2009 com a descoberta do Varal de Ideias,  o blog do Eduardo Lunardelli por mero acaso. A ousadia estética, a qualidade e o humor dos textos levaram-me a visitá-lo  mais vezes e a descobrir outros espaços de qualidade. O Eduardo vai escrevendo e nós vamos lendo. "Dance Comigo" já o recebi há algum tempo, só agora tive a oportunidade  de poder emitir uma opinião. Bom como sempre! Humor e sensibilidade numa prosa rápida e segura. O Eduardo é um escritor de mão cheia, um homem com muita energia, que não pára conforme essa listinha aí em baixo...
Abraço Eduardo!

sexta-feira, 9 de junho de 2017

VONTADE



Pinterest

A última crónica na Revista Caliban
https://revistacaliban.net/vontade-c54d9a8fedb9


Entrou no autocarro com os sacos de compras e conseguiu arranjar um lugar lá no fundo. Sentou-se, pôs a mala no colo e os sacos apoiados no chão entre as pernas. Olhou de soslaio para as formas musculadas de um rapaz novo sentado ao seu lado. Achou que seria um tipo de confiança para passar uns bons momentos e deu-lhe, logo ali, uma vontade que até então nunca tivera, de sair na paragem seguinte, agarrar-lhe no sexo, dizer-lhe que era uma fêmea com cio, sedenta de se esfregar no seu corpo e apanhar um táxi para uma pensão reles, mas acabaram a falar na família, irmãos, primos e tios, a crise, o desemprego, e o trânsito que estava uma merda. Resmungaram o nome um ao outro, ele deu-lhe o número de telefone a imaginar que era a mulher que ele queria, ela saiu, olhou para o cartão, sorriu, suspirou, sentiu uns calores e olhou para o relógio. Estava em cima da hora, daí a pouco chegava o marido, irritado e deprimido por se encontrar sem trabalho, capaz de moê-la de pancada se não tivesse o jantar pronto e a sogra já devia ter a fralda toda molhada…

quinta-feira, 8 de junho de 2017

PUTIN, VLADIMIR


Vuitton loves Kusama


Putin: "Não sou uma mulher, portanto não tenho dias maus"

(Declarações proferidas pelo presidente russo no documentário The Putin Interviews, realizado por Oliver Stone.)

Bom... Eu tenho dias maus, logo, não sou Putin...