terça-feira, 4 de agosto de 2020

O TOM VERDE MADURO DAS ÁRVORES A LEMBRAR, VAGAMENTE, MONTMARTRE


   

                                           

E eis que chegaram alguns exemplares....

Um cheirinho de "O tom verde maduro das árvores a lembrar, vagamente, Montmartre"

A visão ácida  e irónica de um escritor sobre o quotidiano de algumas personagens vagamente interessantes, que acaba por se embrenhar na própria história.

Não falta humor, sexo, desilusão e esperança numa história com um final inesperado.





ANTOLOGIA DE CONTOS ORIGINAIS - EDIÇÕES COLIBRI




Acaba de ser publicada a Antologia de contos originais, na qual me orgulho de contribuir com o conto 

"O tom verde maduro das árvores a lembrar, vagamente, Montmartre"

Uma crítica de costumes com um final desconcertante.

Um grande obrigado ao João de Mancelos e a todas e todos na Editora Colibri





terça-feira, 28 de abril de 2020

JACK VETTRIANO







Depois da moda das estantes, agora vem a moda da reprodução de quadros clássicos.

Jack Vettriano de Linda a Velha...

terça-feira, 14 de abril de 2020

TRINCHEIRA DO AMOR


Michal Trpák


Escrevo com a pressa de quem foge, imprevisto mergulho na voragem da tua condescendência, em mais um dia de sol e quarentena, em rotundo esforço para pousar o comando da televisão  e desenfiar as nádegas do sofá. Tocam à porta. É o carteiro, não tenho correspondência, mas toca sempre para aqui para lhe abrir a porta, num prédio confinado a uma ausência prolongada. Continuo indiferente. Mudo os canais e fixo-me numa série cómica, abro um pacote de batatas fritas, cento e vinte gramas de polinsaturados, em óleo de girassol, trinta e cinco por cento de matéria gorda e hidratos, sem corantes, saído da fábrica da Póvoa de Santa Iria. Trinco uma. Esboço uma tentativa de gargalhada. Mudo de canal, um thriller; mudo novamente, um drama familiar que envolve traição, doença e arrependimento. Regresso à série cómica. Imagino que estás aqui, encostamo-nos e dormimos em elipse, no lugar da incerteza, trincheira do amor.
E chove, finalmente.

CONFINAMENTO




Ogri_world

A crueldade manifesta-se nos pequenos pormenores do dia a dia, no momento em que nos apercebermos que a vida já não leva rumo, nem vontade para se endireitar, fruto da passividade caucionada pela ignorância e pelos média, em décadas de perda de contacto com a realidade crua por via semântica e pelo mero encolher de ombros.
Vivemos sempre em relação ao outro, em função da imagem que temos do mundo pelo lugar que ocupamos no espaço geográfico. Fazemos as pequenas coisas que podemos e outras que não podemos, muitas vezes, as que não devemos, à espera das boas graças e da benevolência de um destino que, à luz da história, nos tornou donos de algo que nunca foi nosso.



POEMAS DE QUARENTENA





Já tem uns anitos, mas tem tudo a ver com este tempo de quarentena.


segunda-feira, 13 de abril de 2020

CORONA LISA


               Flavia Millen


É isto, não é ?



PICO E PLANALTO



Pinterest

"Nós por cá, todos bem."

Entre o pico e o planalto da curva, em Barcelos já não se fazem galos, mas filas para beijar a cruz, o Ricardo Araújo Pereira é uma Cristina Ferreira com pelos no peito e o entertainer de Belém aprendeu a mexer no PBX para telefonar ao Luís e esquecendo-se de todos os outros...

Siga a Marinha que atrás vem o exército, se houver dinheiro para o combustível...


PRAIA





Nunca mais chega o tempo de praia...


sábado, 11 de abril de 2020

LISBOA DO MEDINA




E pronto, Fernando Medina conseguiu demolir um edifício com património que deveria ser protegido, com restrições impostas pelo gabinete da Mouraria (obrigatoriedade de proteger e manter azulejos do século XVIII, impossibilidade de utilização de alumínios e soalhos flutuantes para respeitar o plano original do prédio), para construir a mesquita. 

Não arranjou Vossa Excelência, nos intervalos da visita aos estaleiros, um bocadinho para dizer aos cidadãos como se processou o financiamento, o custo da expropriação e demolição e como se justifica que se financie esta obra e não outras de outras tantas confissões religiosas? 

A Câmara é rica ou descobriram, finalmente, petróleo no Beato?


IMPULSE



Dina Balenko


E se um desconhecido lhe oferecer laranjas, isso é... Impulse! "


PERSONAGENS DIFÍCEIS




Dia de sol e céu limpo, uma leve bisa a acariciar os cabelos (a introdução não podia ser mais kitsch, ao arrepio de todas as convenções literárias) 

Ela disparou à queima roupa:

- O ques estás a fazer num dia tão bonito?


E ele, sem metáforas, nem rodeios, respondeu-lhe:


- À procura de fins possíveis para personagens difíceis...

GRAMÁTICA






"A gramática, a mesma árida gramática, transforma-se em algo parecido a uma feitiçaria evocatória; as palavras ressuscitam revestidas de carne e osso, o substantivo, em sua majestade substancial, o adjectivo, roupa transparente que o veste e dá cor como um verniz, e o verbo, anjo do movimento que dá impulso à frase."

Charles Baudelaire


HOPPER


Hopper

A sensação amadurecida de que ainda falta muito caminho...

OS PORTUGUESES, ESSES MALUCOS






(...) Os portugueses são particularmente sensíveis à ausência, o que os faz constantemente ansiar pelo pleno. (...) Pleno de palavras, pleno de pensamentos, pleno de agitação, pleno de movimentos (...) "uma estranha semiótica rege este país. Um português pergunta a outro: "Aonde vais este fim-de-semana?" O outro responde: " Fico por aí..." (...) " É a vida."

José Gil

PRECIPÍCIO


Patrik Svenson

Só não tem medo do precipício quem aprendeu a voar.


OFFICE MAN



DEPARTAMENTO EDITORIAL




Olha...Afinal não sou o único...

"O primeiro passo, muitos anos antes, tinha sido clássico: enviar originais para editoras. Só recebeu portas fechadas. "As editoras não respondem... Então houve uma altura em que deixei de enviar e percebi que tinha de ir por mim.""

Pedro Chagas Freitas

quarta-feira, 8 de abril de 2020

TEMPO DE QUARENTENA TEMPO DE LEITURA




Tempo de quarentena é tempo de leitura.

A revista Novos Livros, exclusivamente editada em formato digital é um projecto de grande qualidade, dirigida pelo bom amigo José Augusto Nunes Carneiro, que por amor aos livros se propõe divulgar as novidades literárias, os autores e partilhar informação e eventos. Na rubrica deste mês, dedicada às sugestões de leitura de autores e jornalistas, teve a amabilidade de incluir a minha sugestão.

Abraço José Augusto Nunes Carneiro

domingo, 22 de março de 2020

ESTANTES





À semelhança dos comentadores, "experts", peritos, convidados e jornalistas na televisão, não posso atravessar esta crise sem o meu cenário de estantes ao fundo. O meu momento Nuno Rogeiro...



terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

PÁSSAROS ESTÚPIDOS






"Pássaros do Montijo “não são estúpidos” e podem adaptar-se ao novo aeroporto, defende secretário de Estado"

Se os pássaros não se desviarem desiste-se do aeroporto, pagam-se as indemnizações às empresas “amigas” pelo prejuízo e encomendam-se novos estudos a outras empresas “amigas”, para construir o aeroporto noutro sítio.

Não, os pássaros não são estúpidos…

https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/passaros-do-montijo-nao-sao-estupidos-e-podem-adaptar-se-ao-novo-aeroporto-defende-secretario-de-estado-549024?fbclid=IwAR1FTr7IjpRYNFMyK49ufRuC8RIUXmCwwoepcTdbk1Iv4Rh8fY5r2tzt2Zk#.Xku7Bs9qpt8.facebook

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

PROCURA-SE





Desapareceu de sua casa, em Belém, um homem de 71 anos. O indivíduo é conhecido por ser dado a afectos e amante de autoretratos partilhados nas redes sociais, vulgo "Selfies". Pede-se, a quem souber do seu paradeiro que coloque a informação nesta página, uma vez que já é habitual o seu desaparecimento em momentos de fundada polémica ou debate.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

FAVOR NÃO "ESTANCIONAR"





"Estancionar" vem do mesmo dicionário das pessoas que dizem que vão ao "Stander" comprar um carro e abrem o "Cápom", para ver o motor, depois de se referirem aos milhares de "Éros" que custou a "Bomba" ou a "Máquina"...




segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

AS ARTES ENTRE AS LETRAS






A edição do mês de Dezembro do jornal As Artes entre as Letras, com uma pequena colaboração minha em forma de crónica. 

“As Artes entre As Letras” é um jornal quinzenal que nasce em Maio de 2009 para florir entre debates de ideias, da História e do Património, das Artes Plásticas e da Arquitectura, da Música e da Ciência, da Filosofia e da Literatura, do Teatro e do Cinema, da Dança e da Fotografia, mas também da Lusofonia e do Ensino e Educação


quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

FEIO





É já no próximo sábado, 14 de Dezembro, que vai decorrer a quarta sessão do Festival FEIO – Festa de Escritas, Improvisos e Oralidades, evento literário que inclui leituras poéticas, leituras encenadas e declamação, na livraria Menina e Moça (Rua Nova do Carvalho, ao Cais do Sodré) das 15H00 às 19H30.

Com…

Ana Marques, Andréa Zamorano, Andreia Azevedo Moreira, Carlos Martins, Catarina Santiago Costa, Cláudia Lucas Chéu, Cláudia Marques Santos, Elsa Caetano, Filipa Martins, Filipa Melo, Filipe Homem Fonseca, Francisco Resende, Gisela Casimiro, Jan Pardal, João M. Nogueira, João Paulo Cotrim, João Ricardo Pedro, José Luíz Tavares, José Navarro de Andrade, José Valente, Júlia Zuza, Luís Bento, Luís Carmelo, Luís Osório, Maria Quintans, Miguel Amaral, Miguel Martins, Mónia Camacho, Nelson Nunes, Nuno Miguel Guedes, Nuno Moura,  Onésimo Teotónio de Almeida, Paulo José Miranda, Pedro Loureiro, Raquel Serejo Martins, Rita Taborda Duarte, Rita Wengorovius, Víton Araújo

Apareçam!

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

O NARRADOR NUM DOURADO DOMINGO DE INVERNO





O meu conto na edição de Novembro da Revista Athena


A vida transformara-se numa obsessão entre paixões e dor a correr no sangue, rio de cicatrizes com a felicidade a desvanecer-se de noite, no lento ronronar do frigorífico estafado pelos vinte anos de uso permanente, a lâmpada interior a tremelicar por mau contacto, a que era preciso dar umas cacetadas, com bolor entranhado nos cantos e meia cebola cortada, colocada no compartimento dos ovos para absorver os maus odores. Tirava uma ou duas fatias de presunto da embalagem de plástico e comia como um bruto, um metro e oitenta de vontade, um monólito que gostaria de criar um narrador para a sua vida. Sempre achara piada aos narradores que sabiam tudo o que ia dentro da cabeça das personagens desamparadas numa espécie de redenção, das alegrias à infelicidade com hipocrisia e compaixão à mistura, alguém que falasse por si, desenvolvesse os episódios e as cenas e lhe desse alguma unidade interna.
Os dias, embora se sucedessem, não eram todos iguais, tinham feitios, eram de humores. Uma manhã de segunda, em Agosto, não era o mesmo que uma segunda de manhã no Natal. Imaginava, por isso, quando fosse mais velho, fazer finca-pé nos dias e estendê-los, uma vez que entendia que a humanidade não era mais que tempo e linguagem, com alguma memória à mistura e depois morria-se e deixava-se cá a merda toda para limpar, sem ninguém encarregue pela mudança, com a culpa a morrer solteira, não necessariamente virgem.
Em tempos, mantivera uma relação já com muitas dúvidas e tentativas, um ensaio de laboratório, que não resistiu ao tempo por parte dela e a uma universitária de piercing no umbigo por parte dele, que, por sua vez, também não resistira à sua falta de cultura e ao facto de ela não saber fazer molho béchamel, condenada à partida, a uns metros de escrita e vontades do narrador, quando num dourado domingo de outono, enquanto na cidade as pessoas viviam, sem história, no Centro Comercial, ele despejou um par de boxers, o computador portátil e uns livros para dentro de uma caixa de cartão que enfiou dentro do carro e se fez à estrada, para onde o tempo fosse manso e pudesse começar tudo de novo. Morreu, pouco tempo depois, numa curva feita a direito, com um sorriso que ninguém notou. Só comentaram que havia pouca gente no funeral.