quinta-feira, 26 de outubro de 2017

ILESOS




 




Ele era de luas, apetites, fragilidades e mau feitio… 
Ela aceitava gritos, desculpas e o facto de ele ser mesmo assim. 
Ele ofereceu-lhe pomada para as nódoas negras, ela deitou-lhe veneno na sopa. 

Há corpos onde pertencemos… e outros de onde não saímos ilesos.


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O QUE IMPORTA



 



É como diz o outro: 

" O que importa é o que interessa e o que interessa é que é importante..."

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

terça-feira, 17 de outubro de 2017

WALTER HUGO MÃE



Lucie Birant em cargoncolective.com


"Os milagres são a pura realidade. As pessoas e a possibilidade de, no fim do dia, sermos como crianças outra vez. Dispostos a arriscar e a sofrer tudo de novo, para perdurarmos juntos."

valter hugo mãe, In JL 6/1 

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

PERSPECTIVAS





Perspectivas...

TARDE







Foi numa tarde cinzenta, de despedida, que te guardei e é aí que, de vez em quando, te vou buscar. Sinto a respiração profunda e o um certo alívio ao fechar os olhos e fingirmos que nada aconteceu.

FOLIO





Começa Hoje!!

A terceira edição do FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos até 29 de Outubro, sob o tema Revoluções.

A programação completa do FOLIO está disponível aqui e informações adicionais podem ser consultadas na página Óbidos Vila Literária.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

TRANQUILIDADE



Martin Wehmer

A razão envenena a tranquilidade e o tédio agarra-se ao corpo como réptil viscoso, porque não desce o anjo a anunciar a inutilidade da impaciência já que tudo é curto e finito?


quarta-feira, 11 de outubro de 2017

MADONNA NAÇÃO VALENTE







Por estes dias, os jornais mostram uma Nação Valente que se levanta com o futebol, que já se esqueceu de Pedrógão, da dívida, da seca, mas que não perde um episódio da Madonna em Portugal a fazer lembrar os livros da Anita: Madonna tossiu, Madonna espirrou, Madonna procura casa, Madonna monta a cavalo, Madona ficou feliz com a selecção. neste rectângulo provinciano a correr em grande lufa-lufa, rapidamente e em força, a caminho do Portugal dos Pequeninos!

terça-feira, 10 de outubro de 2017

A CASA DAS LETRAS



Lourdes Castro, Palavras e duas casas, Gulbenkian

Uma casa é uma máquina de morar.

Le Corbusier 


quinta-feira, 5 de outubro de 2017

O NOBEL DA LITERATURA






"Nós somos casas muito grandes, muito compridas. É como se morássemos apenas num quarto ou dois. Às vezes, por medo ou cegueira, não abrimos as nossas portas."


António Lobo Antunes


Não, não foi para o Lobo Antunes, o Nobel foi para Kazuo Ishiguro - "Para fazer o mundo feliz". Desta vez, sem direito a viola ou harmónica...

A ÚLTIMA CENA





Photo by Tom Barrett on Unsplash


Nem chegou a saber o que aconteceu no jantar. 
Uns acordes de jazz, Miles Davis a acompanhar bebida e discussão,
uma dor de cabeça, outra de alma 
e os olhos vazios presos na última cena.


terça-feira, 3 de outubro de 2017

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

domingo, 24 de setembro de 2017

A FÁBRICA DE NADA



Exposição Portugal Flagrante Centro de Arte Moderna Gulbenkian


Hoje fui ver A Fábrica de Nada, em conjunto com Eu, Daniel Blake e São Jorge completei a trilogia em torno de um maior denominador comum: o desemprego. Se em Eu, Daniel Blake nos sentimos esmagados perante a falta de sensibilidade da funcionária da Segurança Social imune ao desespero de quem espera uma resposta, uma solução ou um milagre e se em São Jorge nos confrontamos com o mundo dos abutres das "cobranças difíceis, em A Fábrica de Nada expõem-se causas, dramas, conflitos no interior da engrenagem capitalista, no seu ritmo inexorável de confronto e derrube de qualquer tentativa de resistência, assistimos ao discurso dos trabalhadores cuja única exigência é ter trabalho, ao discurso dos intelectuais sobre o fetichismo mercantilista, da actualidade de Marx, blá, blá, blá, do protagonismo do tempo, personagem pesada no drama do desemprego. No final,  abre-se uma porta de esperança na figura  da auto-gestão, no confronto discursivo entre o trabalhador e o intelectual no acerto de contas social que resume tudo a uma única frase: A divisão não se faz, hoje, entre Esquerda e Direita, mas entre os que querem viver no sistema e o aceitam, ainda que em regime de escravatura e aqueles que estão dispostos a abdicar dos telemóveis , dos carros e do conforto capitalista, luta inglória num tempo em que cada vez há mais gente a querer passar para o outro lado, num mundo em que a vida particular se desmorona para além do dinheiro e da crise, do divórcio e dos amigos que se evaporam, dos colegas iludidos na velha máxima de que só acontece aos outros, mas ela está aí, a porta entreaberta de esperança, indicada no filme com um caminho a seguir: Resistimos? 

A não perder.



quarta-feira, 12 de julho de 2017

REVISTA LION


https://issuu.com/isabeloliva-teles/docs/revista_lion__net_

A Revista Lion teve a gentileza de me entrevistar. entre as memórias da escrita, os romances e autores preferidos, significados e esperanças, sobressaem duas páginas de entrevista excelentemente conduzida pela Isabel Moreira numa revista de grande qualidade e de impacto social.

domingo, 9 de julho de 2017

O POETA LUNÁTICO



Pinterest

A minha crónica na Revista Caliban

A mãe dissera-lhe, em pequeno, que se fosse sozinho na vida seria um cabeça no ar e ele encolhia os ombros e voltava-se para a floresta que se estendia à sua frente, emoldurada na janela do casarão antigo, herança de família que muito custava a manter hoje por força das finanças. A casa fora ganha ao jogo pelo seu bisavô, que roído pelo remorso, distribuíra todo seu dinheiro e propriedades por gente necessitada deixando o imóvel a cargo da família. Do alto da copa de três castanheiros voaram alguns corvos que lhe pareceram abutres atrás do cheiro de carne putrefacta de guerreiros japoneses tombados numa planície. Tinha noção do tamanho fértil da sua imaginação perdida no meio de índios e cowboys da infância, naves espaciais e legionários romanos. Para além da imaginação, fazia versos. A mãe tinha apreço, como dizia habitualmente, por ele se mostrar um rapaz sensível, mas temia que isso se tornasse numa imprudência. A poesia, com o que ele deitava cá para fora, podia ser um óptimo divã para psicanálise, mas colocava-o em risco ao expor de forma tão desabrida o que lhe ia na alma e poderia acabar por ter que pagar uma tremenda factura. Em pequeno, era um rapaz muito linear, contido nas palavras que não fossem poéticas. Gostava de ficar, aos domingos de manhã, a ver documentários sobre bichos, florestas exóticas, populações indígenas e logo a seguir ao almoço, lia as tiras de banda desenhada dos jornais depois do pai fazer as palavras cruzadas. Durante a tarde dormitava e lia uns versos de Sophia, à noite, para tirar o fastio das letras via um episódio do Homem Aranha no canal dois. Nas suas leituras e pensamentos sobrava espaço para pensar na morte por encontrar nela uma harmonização, uma espontaneidade disponível e democrática. A sua dedicação ao estudo da poesia e da morte, o seu interesse em forças ocultas e temas de baixo relevo no pensamento filosófico cresceu com a idade adulta e advinha da sua convicção de não se sentir propriamente dotado para o que quer que fosse, interessando-se por aquilo que os outros consideravam não ter interesse. Isso trazia-lhe alguma auto-estima pela superioridade do seu gosto pelo artístico e pelo sublime. Achava que ser normal era muito mais difícil e dava muito mais trabalho, sendo mais fácil abandonar-se a uma estrutura minimalista, outras vezes achava que era precisa muita coragem para se sentir perdido e que a realidade era, por si só, suficiente para o fazer perder tempo e que ele só inventava coisas porque estava desempregado, era alarve, insaciável e manifestamente indecoroso, contendo-se para não ficar refém da felicidade.

sábado, 8 de julho de 2017

PAÍS A PRAZO







"Num país em que tudo é a prazo, empregos a prazo, contratos a prazo, relações amorosas a prazo, ele sentia-se fora de prazo porque ainda não conseguira trabalho.
A rotina de um desempregado é demolidora. Mergulhava numa angústia terrível de cada vez que se sentava à secretária para seleccionar os anúncios adequados ao seu perfil. Enviava dezenas de cartas todos os dias. Raramente recebia um telefonema para se apresentar numa entrevista (...) a primeira coisa que um desempregado perde é o orgulho. Mais tarde também perde a compaixão dos que o apoiam."

IN,  O Tibete de África. Margarida Paredes



quarta-feira, 5 de julho de 2017

COVA DA MOURA









5 de Julho de 2017, dia de visita guiada ao Bairro da Cova da Moura através do guia da Associação Moinho da Juventude. Um olhar diferente sobre um bairro de gente jovem, que se esforça por manter uma cantina social que serve refeições diárias a crianças e aos mais necessitados. Mesmo ali em frente, na Força Aérea, alguns oficiais faziam contabilidade criativa na messe, mais batata menos batata, triplicavam preços e praticavam ilícitos enquanto outros lutavam contra a carência. Mais batata menos batata, estabelecem-se prioridades, responsabilidades e ética ou falta dela. Siga a Marinha...