É fundamental
ser-se livre, ainda que, só de vez em quando, para poder fugir ao tempo, esse
eufemismo pós-moderno, algoz ou
carcereiro, da prisão em que se tornou o
nosso corpo.
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sábado, 25 de outubro de 2014
sábado, 4 de outubro de 2014
MAPA
Parte de mim perdeu-se nas palavras, a outra parte perdeu-se mais três
ou quatro vezes na busca do amor, jornada longa pela memória sem reticências,
luz ou farol. No final, se me encontrares, não procures pela biografia. Deixei
um mapa...
segunda-feira, 9 de junho de 2014
ÂNGULO
E tudo começou com uma amizade comum, uma troca de mails e " um álbum intitulado "partnerships", com o objectivo de
convidar escritores a complementarem as minhas fotos com um texto, prosa
ou poesia. Aquilo que preferirem." E saíu um texto que penso ser a moldura certa para uma imagem perfeita.
Preferia a chuva, especialmente
miudinha, ao azul inofensivo das manhãs de verão. Preferia o subtil equilíbrio
entre o Douro pincelado de luz e as tardes de outono cinza na cidade, ao esquisso desmaiado dos nenúferas de Monet.
Meio a sério meio a brincar, achava que o seu melhor ângulo ainda não tinha
nascido e, por isso, não ficava bem nas fotografias. Gostava do amargo do
vinagre no fundo da língua, de versos sem rima, de Saramago e de fotografias a
preto e branco, mas do que gostava mesmo era de gastar o tempo a fazer os
outros felizes. A isso, chamava-se amor.
POST IT - O LIVRO DO JÚLIO PINHEIRO
Foi em 2009 que começou a minha aventura pelos blogs e uma aventura, maior ainda, pela descoberta de gente fora de série que, felizmente, ainda perdura nos círculos de amizade. O Jorge Pinheiro , do blog Expresso da Linha publicou o seu Post it. , vai lançá-lo na sexta-feira dia 20 de Junho e nós vamos estar lá.
Abraço Jorge Pinheiro
sexta-feira, 23 de maio de 2014
quarta-feira, 9 de abril de 2014
O BARULHO
Quando
eles se separaram ela pediu-lhe que levasse quadros, livros, molduras,
estrelas, noites bravas, os vizinhos de cima, músicas, tardes de domingo sem
graça e lhe deixasse apenas o silêncio. O amor não faz barulho...
segunda-feira, 31 de março de 2014
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
DECIFRAR AS PALAVRAS
Ahmed, 7 years old, stands before a Free Syrian Army stronghold in
The Huffington Post
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“Espero uma espécie de alma gémea do outro lado
do texto”
Mário de Carvalho
Olho para trás com vontade
de corrigir o passado e percebo que nos habituamos a não ter sido. Se fechar os
olhos, por instantes, fico a uma distância segura da memória e do medo num
universo que achava infinito e renovável, espécie de física quântica ou de tijolos
sobrepostos a emparedar a nossa ingenuidade e pergunto-me se alguma vez
estivemos completos ou se passámos a vida a apanhar cacos desde a
infância.
Pego no papel e lápis e
procuro, nas palavras, encurtar o abismo que nos separa, nesse cansaço de fim
de tarde, sem conseguir explicar porque ficou o coração apertado assim tão de
repente e tão difícil de decifrar. Sonho somar rugas, cicatrizes, marcas, lastro
que o tempo larga em dias mansos, perder
os meus limites à espera do milagre, do fim da novela, ou da Ressurreição no teu
corpo. Estou
sempre de partida e sem destino, homem brando a levar a vida em banho-maria, a
sentir o corpo ausente, a desejar que o remorso fosse pedra para poder lançá-la
e aliviar a carga. Em sonhos, viajo para muitos lugares, para longe e durante
muito tempo e fico o mesmo, sem certezas geográficas, nomes ou aritméticas.
Assim eram os pássaros.
Toda a realidade se dissolve numa abstracção de
Schiller ou Kant... E depois fico assim, parado a meio do texto, sem ideias ou
vontade, à espera que ele se escreva sozinho. Fumo um cigarro e penso que o
universo é uma dialéctica entretida a subtrair coisas boas do teu sorriso e a
fazer-nos viver com a diferença. O dia não ajuda. Está frio e cinzento, vai
chover e não trouxe guarda chuva. Oiço baixinho uma música do Einaudi. Deixa-me
assim no rame-rame de uma melancolia doce, politicamente correcta, aceitável,
se assim se poderá dizer. Certo é que
continuo sem produzir.
Olho para a
frente e vejo que o céu está cheio de pássaros e percebo, então, que ganho asas quando
escrevo, que a moral da história está naquele
livro que nunca lemos, e que decifrar estas palavras é repeti-las no tempo e no
espaço, em que o amor é a nossa única liberdade...
domingo, 2 de fevereiro de 2014
GRUPO LEYA
A Leya soma e segue e consegue o pleno! Por um lado,
empurra, alegremente, os autores consagrados para a concorrência (Saramago,
João Tordo, Richard Zimler, Miguel Sousa Tavares) por outro, não abre as
portas aos novos. Atente-se no mail recebido,
recentemente, da editora da D.quixote,
chancela do grupo Leya:
“ Muito obrigada pela sua mensagem!
Uma vez que é a minha colega M… quem se ocupa
da publicação de novos autores nas chancelas do grupo LeYa, aconselho-o a
escrever-lhe enviando-lhe a sua proposta. Estou certa que ela a acolherá com o
maior interesse.
Cordialmente,
… Dom Quixote “
Ou seja: Se o responsável pela análise
editorial tiver preferência por uma certa
lógica ou estética narrativa, o seu interesse estará formatado para um
determinado tipo de escritor à semelhança daqueles que descobriu nos últimos
tempos tornando, assim, o envio de um manuscrito para a D.Quixote , para a Oficina do livro ou outra chancela do
grupo, igual à compra de um sabonete de alfazema e óleo de amêndoas
doces no Pingo Doce ou no Continente. Estranha, esta estratégia comercial do
engenheiro Paes do Amaral. Fechar a porta aos novos e empurrar os velhos, é morrer mais cedo... Assim como o país, de resto...