domingo, 5 de novembro de 2017

CORPO-ROCHA






Era um tipo mais-ou-menos, que levava uma vida assim-assim, com falta de espaço na lembrança de que tudo era denso, única forma possível de habitar o corpo-rocha.

DO OUTRO LADO DO ESPELHO




Do Outro Lado do Espelho, título que remete intencionalmente para o mundo de Alice Liddell, a heroína de Lewis Carroll (1832-1898), é uma exposição temática, que tem o espelho como foco principal e que pretende demonstrar a sua presença polissémica na iconografia da arte europeia, sobretudo na pintura, mas também em obras com outros suportes, como escultura, arte do livro, fotografia e cinema.
Curadoria: Maria Rosa Figueiredo com a colaboração de Leonor Nazaré
"Grátes" aos domingos... Até Fevereiro 2018

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

SEMÂNTICA


Malika Favre

Ele era poeta e escrevia-lhe cartas, dezenas delas, por sinal, constantemente rejeitadas.
- Cheias de erros ortográficos - Dizia ela.
E ele corrigiu a ortografia e acrescentou metáforas, antíteses e outros artifícios de estilo.
- Palavras sem sentido! - Respondeu-lhe, agora, sem entusiasmo.
E assim se perdia o amor por via da semântica.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

HEIN SEMKE



Hein Semke

"O certo é que se dizem as coisas um bocado antes da fúria. Somos assim, os portugueses, a nossa pacatez é uma alma cristã um bocado antes da fúria."

valter hugo mãe, In JL 23/12/2015

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

ILESOS




 




Ele era de luas, apetites, fragilidades e mau feitio… 
Ela aceitava gritos, desculpas e o facto de ele ser mesmo assim. 
Ele ofereceu-lhe pomada para as nódoas negras, ela deitou-lhe veneno na sopa. 

Há corpos onde pertencemos… e outros de onde não saímos ilesos.


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O QUE IMPORTA



 



É como diz o outro: 

" O que importa é o que interessa e o que interessa é que é importante..."

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

terça-feira, 17 de outubro de 2017

WALTER HUGO MÃE



Lucie Birant em cargoncolective.com


"Os milagres são a pura realidade. As pessoas e a possibilidade de, no fim do dia, sermos como crianças outra vez. Dispostos a arriscar e a sofrer tudo de novo, para perdurarmos juntos."

valter hugo mãe, In JL 6/1 

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

PERSPECTIVAS





Perspectivas...

TARDE







Foi numa tarde cinzenta, de despedida, que te guardei e é aí que, de vez em quando, te vou buscar. Sinto a respiração profunda e o um certo alívio ao fechar os olhos e fingirmos que nada aconteceu.

FOLIO





Começa Hoje!!

A terceira edição do FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos até 29 de Outubro, sob o tema Revoluções.

A programação completa do FOLIO está disponível aqui e informações adicionais podem ser consultadas na página Óbidos Vila Literária.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

TRANQUILIDADE



Martin Wehmer

A razão envenena a tranquilidade e o tédio agarra-se ao corpo como réptil viscoso, porque não desce o anjo a anunciar a inutilidade da impaciência já que tudo é curto e finito?


quarta-feira, 11 de outubro de 2017

MADONNA NAÇÃO VALENTE







Por estes dias, os jornais mostram uma Nação Valente que se levanta com o futebol, que já se esqueceu de Pedrógão, da dívida, da seca, mas que não perde um episódio da Madonna em Portugal a fazer lembrar os livros da Anita: Madonna tossiu, Madonna espirrou, Madonna procura casa, Madonna monta a cavalo, Madona ficou feliz com a selecção. neste rectângulo provinciano a correr em grande lufa-lufa, rapidamente e em força, a caminho do Portugal dos Pequeninos!

terça-feira, 10 de outubro de 2017

A CASA DAS LETRAS



Lourdes Castro, Palavras e duas casas, Gulbenkian

Uma casa é uma máquina de morar.

Le Corbusier 


quinta-feira, 5 de outubro de 2017

O NOBEL DA LITERATURA






"Nós somos casas muito grandes, muito compridas. É como se morássemos apenas num quarto ou dois. Às vezes, por medo ou cegueira, não abrimos as nossas portas."


António Lobo Antunes


Não, não foi para o Lobo Antunes, o Nobel foi para Kazuo Ishiguro - "Para fazer o mundo feliz". Desta vez, sem direito a viola ou harmónica...

A ÚLTIMA CENA





Photo by Tom Barrett on Unsplash


Nem chegou a saber o que aconteceu no jantar. 
Uns acordes de jazz, Miles Davis a acompanhar bebida e discussão,
uma dor de cabeça, outra de alma 
e os olhos vazios presos na última cena.


terça-feira, 3 de outubro de 2017

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

domingo, 24 de setembro de 2017

A FÁBRICA DE NADA



Exposição Portugal Flagrante Centro de Arte Moderna Gulbenkian


Hoje fui ver A Fábrica de Nada, em conjunto com Eu, Daniel Blake e São Jorge completei a trilogia em torno de um maior denominador comum: o desemprego. Se em Eu, Daniel Blake nos sentimos esmagados perante a falta de sensibilidade da funcionária da Segurança Social imune ao desespero de quem espera uma resposta, uma solução ou um milagre e se em São Jorge nos confrontamos com o mundo dos abutres das "cobranças difíceis, em A Fábrica de Nada expõem-se causas, dramas, conflitos no interior da engrenagem capitalista, no seu ritmo inexorável de confronto e derrube de qualquer tentativa de resistência, assistimos ao discurso dos trabalhadores cuja única exigência é ter trabalho, ao discurso dos intelectuais sobre o fetichismo mercantilista, da actualidade de Marx, blá, blá, blá, do protagonismo do tempo, personagem pesada no drama do desemprego. No final,  abre-se uma porta de esperança na figura  da auto-gestão, no confronto discursivo entre o trabalhador e o intelectual no acerto de contas social que resume tudo a uma única frase: A divisão não se faz, hoje, entre Esquerda e Direita, mas entre os que querem viver no sistema e o aceitam, ainda que em regime de escravatura e aqueles que estão dispostos a abdicar dos telemóveis , dos carros e do conforto capitalista, luta inglória num tempo em que cada vez há mais gente a querer passar para o outro lado, num mundo em que a vida particular se desmorona para além do dinheiro e da crise, do divórcio e dos amigos que se evaporam, dos colegas iludidos na velha máxima de que só acontece aos outros, mas ela está aí, a porta entreaberta de esperança, indicada no filme com um caminho a seguir: Resistimos? 

A não perder.