quarta-feira, 11 de abril de 2018

EXCELENTÍSSIMO SR. DR.RONALDO DAS FINANÇAS


HenriCartoon


EXCELENTÍSSIMO SR. DR. RONALDO DAS FINANÇAS

A minha tia da parte da minha mãe dizia que eu levava jeito para a escrita e para incomodar os “grandes” com assuntos desagradáveis, para além disso sou também doente oncológico, desempregado de longa duração e bom observador. Constato, por isso, com relativa facilidade, que vossa excelência domina com excelsa mestria, a conjugação dos verbos com a terminação em “AR”, a saber: Cobrar, Pagar, Identificar... Vem isto a propósito do facto de vossa excelência ter afirmado, recentemente, que tinha identificado o problema da quimioterapia pediátrica do Hospital de São João no Porto, ora caríssimo Mário Centeno, o que se pretende não é que o senhor tire o bilhete de identidade ao problema, mas, tão só, que se disponha a usar verbos com outras conjugações terminadas, por exemplo, em “IR”: Intervir, Agir, pois creia-me vossa excelência que essa minha tia, coberta de razão, achava que os afazeres de um político se mediam pela bitola de um “vulgar de Lineu” administrador de condomínio: receber as quotas e proceder à manutenção do edifício com os elevadores a funcionar. Ora, na prática, acredito piamente que se tenham lembrado de lançar esta notícia cá para fora, para mostrar “àqueles gajos do teatro” que não há dinheiro para a cultura, boa malha! Que nisto da política, há quem diga que é a arte do possível, opinião partilhada pela minha tia, que acreditava serem (alguns) políticos verdadeiros artistas. Eu já não reclamo com a falta de papel higiénico nos WC’s de alguns hospitais ou que a enfermeira não tenha agulhas finas e espete, na mão, um ferro digno de aplicação equídea quando vamos às consultas, mas as crianças Senhor… apanhadas por uma doença traiçoeira ainda terem que ganhar calo e resistência para aquilo que vão suportar nos hospitais do SNS na vida adulta é que já é demasiado. Por isso, e para concluir, sei que vossa excelência, no atapetado vetusto dos gabinetes ministeriais não se apercebe que esta situação dói mais que o diferencial entre 0,7% e 0,9% do deficit “para inglês ver”, mas veja lá, pela sua saudinha, se brevemente começa a conjugar o verbo “libertar verbas para os Hospitais”…
De Vossa Excelência
Atentamente
LB

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